Ministro da Economia tem dinheiro em contas fora do país. Mais de 50 milhões de reais sem pagar impostos no País
Investigada pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Genocídio por ter usado pacientes portadores de covid-19 em experiências com uso de medicamentos ineficazes e omitir de atestados de óbitos o real motivo da morte, o plano de saúde privado Prevent Senior tem parte do seu lucro depositado em contas offshore situadas em paraísos fiscais. Estas operações não são ilegais, mas buscam sonegar impostos ao país de origem e informações ao fisco sobre o montante depositado.
Por estarem localizadas em países com pouca transparência e fiscalização, as offshores também são usadas por super ricos para ocultar patrimônio ou por corruptos ou integrantes de organizações criminosas que desejam esconder dinheiro sujo. As operações em paraísos fiscais, segundo especialistas, podem servir para a lavagem de dinheiro pelo seu distanciamento de sua origem, evitando uma associação direta deles com o crime; pelo disfarce de suas várias movimentações para dificultar o rastreamento desses recursos; e a disponibilização do dinheiro novamente para quem os depositou depois de ter sido suficientemente movimentado no ciclo de lavagem e poder ser considerado “limpo”.
Segundo o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), os donos do plano de saúde Prevent Senior, os irmãos Andrea, Eduardo e Fernando Parrillo têm quatro empresas abertas em paraísos fiscais. São as offshores Shiny, Luna, Hummingbyrd e a Grande Developments. Os jornalistas da ICIJ nos últimos meses investigaram milhares de documentos sobre empresas e pessoas físicas obtidos junto a uma fonte anônima, numa grande operação chamada Pandora Papers.
Guedes
Com indícios de relações com a Prevent Senior – levantados pela CPI do Genocídio para o fornecimento de informações que justificassem tecnicamente o uso do chamado tratamento precoce contra a covid-19 – o ministro da Economia do governo de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes também é citado na investigação do Pandora Papers e têm investimentos em paraíso fiscal. Os documentos mostram que Guedes possui desde 2014 uma offshore, a Dreadnoughts International. O ministro da Economia depositou US$ 9,54 milhões (mais de R$ 51,8 milhões, na cotação atual) nesta offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe.
Em janeiro de 2019, cinco anos depois de abrir a offshore e depositar 9,55 milhões de dólares, Guedes virou o principal fiador do governo Bolsonaro e assumiu o cargo de ministro da Economia, sob cuja responsabilidade está um enorme leque de decisões capazes de afetar seus próprios investimentos no exterior.
Também o presidente do Banco Central, Campos Neto, consta das investigações por possuir uma offshore desde 2004, no Panamá, outro paraíso fiscal conhecido. A empresa possuía um capital de US$ 1,09 milhão (cerca de R$ 5,92 milhões), mas foi fechada em outubro de 2020 — cerca de 15 meses depois de assumir o cargo de presidente do Banco Central.
De acordo com a legislação, funcionários públicos de alto escalão estão proibidos de manter aplicações financeiras que possam ser afetadas por políticas governamentais. Por isso, ambos teriam que declarar à Comissão de Ética Pública (CEP) quais investimentos teriam, num período de 10 dias antes de assumir os cargos, e deixarem de ser sócios nestas off shore, o que não aconteceu.
Pedido de CPI
Deputados de oposição protocolaram na segunda-feira (4/10) representação para que o Ministério Público Federal (MPF) apure “evidentes irregularidades praticadas” pelo ministro da Economia e pelo presidente do Banco Central ligadas à abertura e manutenção destas contas.
Para os deputados, Guedes e Campos Neto possuem “informações privilegiadas, em razão do cargo ou função” que podem facilitar seus investimentos com empresas de offshore, havendo claro conflito de interesses entre as posições pública e privada”.
Fonte: SEEB do RJ
Escrito por: Olyntho Contente