Hoje, nos bancos, a venda de produtos de todo tipo, antes facultativa e deixada a cargo daqueles com perfil para tanto, tornou-se a tarefa mais importante e as metas devem ser cumpridas sob forte ameaça de demissão.
Sendo o patrão um banco, além da fixação de cobrança por metas, devemos lembrar também das condições físicas das unidades onde estão lotados os bancários (geralmente em número muito pequeno se comparados ao imenso universo de clientes a quem devem prestar satisfatório atendimento) para constatarmos o drama de que é vítima esta categoria profissional, sob a constante ameaça de demissão ou de estagnação profissional:
De um lado, o banco entende que mais clientes podem consumir mais de seus produtos (cartões de crédito, seguros, capitalizações e vários outros modos de aumentar o ganho da intermediação financeira), e orienta toda a sua atividade no sentido de fazer com que tais vendas aconteçam na mesma proporção do número de clientes.
Do outro lado, o cliente entende que o banco é um prestador de serviço, que serve para administrar o seu patrimônio ou sua necessidade pontual de crédito, através da atuação de profissionais especializados – e só por isso é que o procura.
No meio deste conflito de interesses está o trabalhador bancário, cobrado a prestar o melhor atendimento pelo cliente e pressionado pelo patrão a ser o melhor dos vendedores. No fim, desgasta-se a relação banco-cliente e o próprio profissional, vitimado pela síndrome do esgotamento profissional chamada “burnout”, devida ao elevado “stress” no trabalho.
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Os bancos pregam “liberdade” nas relações entre si e com o mercado, mas se contradizem ao explorar ilimitadamente seus subordinados, danificando-lhes a saúde. Isto porque, especialmente neste campo de vendas e prestação de serviços, a competição intensa estimulada pelos banqueiros dá uma conotação de “guerra” ao trabalho diário. Mas o “stress” despertado num guerreiro de verdade tem uma justificativa: a morte do inimigo. O soldado dispara seu fuzil contra um adversário real. Quanto ao gerente de contas do banco da esquina, a quem deve destruir: o concorrente ou seu chefe?… Ou seria o cliente?…
Assim, quando o banco estimula o “stress” para ultrapassar a concorrência, promove uma perigosa descarga do hormônio adrenalina, sem que se possa satisfazer a agressividade desencadeada – o que não faz sentido e ainda extrapola o contrato de trabalho, já que o empregado não vai fugir nem atacar, e muito menos é um lutador!
Esse tipo de gestão produz o que a Psicanálise chama perversão: um ambiente psicologicamente doente, moralmente permissivo, que banaliza a maldade e tolera atitudes grosseiras, numa postura que contraria a razão de ser do Direito do Trabalho.
O quadro persistirá, apesar da Constituição, até que, passemos a combater ostensivamente o desrespeito aos direitos do trabalhador. Se isso não acontece, o próprio padrão de humanidade é nivelado por baixo, o mal é banalizado e a vítima pode acabar sendo o próprio sistema bancário, que deveria ver no fator humano o seu maior capital.
Qualquer problema em agências bancárias da Baixada Santista deve ser denunciado para os diretores, por meio do Fale Conosco do site www.santosbancarios.com.br ou da página www.facebook.com/santosbancarios.
Fonte: Imprensa e Comunicação SEEB Santos e Região