Carta conjunta denuncia impactos nocivos do governo Bolsonaro sobre a classe trabalhadora, especialmente a população negra e reafirma luta pelo antirracismo
Amanhã, sábado (20), marca o Dia da Consciência Negra, data da morte de Zumbi dos Palmares. Ela é pontuada pelo movimento negro, a partir da década de 1960, como um dia da luta antirracista. Neste ano, os movimentos sociais que tradicionalmente organizam os atos terão como tema principal os protestos contra o governo Bolsonaro. Além deles, mais uma vez o movimento sindical estará presente. Dez centrais divulgaram carta conjunta sobre as mobilizações pelo #20NForaBolsonaroRacista. Será o sétimo ato nacional contra Bolsonaro, com manifestações já confirmadas, até o momento, em cerca de 60 cidades.
“A ação, a inércia e as posições do presidente da República e de seus aliados reacionários e conservadores reforçam e apoiam a violência e a hostilidade que discriminam, agridem e matam corpos pretos todos os dias, ao mesmo tempo em que negam e tornam invisíveis o caráter estrutural do racismo no Brasil”, afirma o documento. Assinam CSB, CTB, CSP-Conlutas, CUT, Força Sindical, Intersindical Central da Classe Trabalhadora, Nova Central, Pública, Intersindical Instrumento de Luta e UGT.
Contra Bolsonaro
As centrais denunciam os resultados da nocivos do governo Bolsonaro contra a classe trabalhadora brasileira: inflação, aumento da fome, crise sanitária provocada pela covid-19 e seus impactos econômicos, sobretudo sobre a população negra, a mais vulnerável e desassistida. “O descaso frente à pandemia, o aumento da fome, do desemprego, a alta geral dos preços e o consequente caos econômico e social pelo qual passa o país impactam, primeiramente e com mais intensidade, a população negra e pobre”, ressaltam.
As centrais classificam o governo Bolsonaro como “criminoso e racista”. Elas afirmam que dar fim a este período da história brasileira é “requisito essencial para que o país possa reencontrar o rumo do desenvolvimento com igualdade e justiça social”.
“Superar o racismo é uma exigência fundamental para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática e justa. Garantir o direito ao trabalho decente e protegido para a população negra é um dos caminhos para a reparação de uma história de exclusão e desigualdade e garantia de futuro diferente”, completam.
#20NForaBolsonaroRacista
Por fim, as entidades fazem um chamado aos trabalhadores. “A classe trabalhadora brasileira é negra e, por isso, o movimento sindical irá às ruas em todo o Brasil junto com a população negra e com todas as pessoas comprometidas com a defesa da igualdade racial, da vida, da democracia, contra o desemprego, a carestia e a fome, neste sábado”. Nas redes sociais, a hashtag #20NForaBolsonaroRacista será o mote da manifestação.
Leia a íntegra:
DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA É DIA DE LUTA CONTRA BOLSONARO RACISTA
Movimento Sindical vai às ruas no sábado, 20 de novembro, em todo o Brasil, junto com movimentos negro e populares em defesa da igualdade racial, da vida, da democracia, contra o desemprego, a carestia e a fome.
20 de novembro, Dia da Consciência Negra, marca a morte de um dos maiores lutadores contra a escravidão no Brasil, Zumbi dos Palmares, e passou a ser celebrada pelo Movimento Negro a partir da década de 1960 como uma forma de valorização da comunidade negra e da sua contribuição à história do país. A data é oficializada pela lei nº 12.519/2011 e marca a resistência do povo negro contra a escravidão e a luta contra o racismo no Brasil.
O trabalho de negros e negras escravizados está na raiz da acumulação capitalista e oligárquica brasileira. A abolição da escravatura, tardia e inacabada, faz com que o racismo seja uma característica marcante da estrutura de classes e da sociedade brasileira até os dias de hoje. A população negra é maioria entre os desempregados e também entre aqueles nos postos de trabalho mais precários e informais. A periferia dos grandes centros urbanos marcada pela moradia precária, pela ausência de infraestrutura social e pela carência de políticas públicas é majoritariamente negra.
É por isso que o descaso no combate à pandemia, o aumento da fome, do desemprego, a alta geral dos preços e o consequente caos econômico e social pelo qual passa o país impactam, primeiramente e com mais intensidade, à população negra e pobre.
A ação, a inércia e as posições do presidente da República e de seus aliados reacionários e conversadores reforçam e apoiam a violência e a hostilidade que discriminam, agridem e matam corpos pretos todos os dias, ao mesmo tempo em que negam e tornam invisíveis o caráter estrutural do racismo no Brasil.
Superar o racismo é uma exigência fundamental para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática e justa. Garantir o direito ao trabalho decente e protegido para a população negra é um dos caminhos para reparação de uma história de exclusão e desigualdade e garantia de futuro diferente. Dar fim ao governo criminoso e racista de Jair Bolsonaro é um requisito essencial para que o país possa reencontrar o rumo do desenvolvimento com igualdade e justiça social.
Edson Carneiro Índio, Secretário-geral da Intersindical (Central da Classe Trabalhadora)
Sérgio Nobre, Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
Miguel Torres, Presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo, Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
José Reginaldo Inácio, Presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)
Antonio Neto, Presidente da CSB, (Central dos Sindicatos Brasileiros)
Atnágoras Lopes, Secretário Executivo Nacional da CSP-Conlutas
José Gozze, Presidente da Pública, Central do Servidor
Emanuel Melato, Intersindical Instrumento de Luta
Brasil, 17 de novembro de 2021
Crédito: Coalizão Negra por Direitos
Fonte: Rede Brasil Atual