Banco apresenta lucro e desempenha função social, portanto pode e deve ampliar número de empregados; recado foi dado em audiência pública na Câmara dos Deputados
A Caixa é um banco público com função social, por isso representa parte da solução para o Brasil enfrentar a crise, mas para isso é fundamental ampliar o número de empregados. Essa foi a mensagem transmitida na audiência pública realizada na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados que discutiu o esvaziamento do quadro de trabalhadores da instituição financeira federal.
A reunião teve a participação de representantes dos trabalhadores, dos aprovados no concurso público realizado no ano passado, do banco e do Ministério do Planejamento.
A frente parlamentar em defesa da Caixa 100% pública, composta por mais de 200 deputados, irá convocar a presidenta do banco, Miriam Belchior, para cobrar a contratação de mais empregados. Além disso, os congressistas vão abraçar a campanha Mais Contratações para a Caixa, Mais Caixa para o Brasil. Esses foram os principais encaminhamentos da audiência pública, que ocorreu na terça-feira 29.
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Clientes aumentaram 300%
Durante os debates, foram apresentadas informações que comprovam a urgência de acelerar o processo de contratação. Dados do Dieese e da demonstração financeira do banco revelam que entre dezembro de 2003 e julho de 2015 o número de empregados passou de 57 mil para quase 98 mil, o de agências aumentou de 2 mil para 4 mil e o de clientes saltou de 20 milhões para quase 81 milhões.
Ou seja, o número de empregados variou em torno de 70%, enquanto o número de agências praticamente dobrou e o de clientes aumentou quase 300%.
Os representantes do banco e do Ministério do Planejamento limitaram-se a alegar que a instituição financeira foi a que mais contratou nos últimos anos. Porém, até o final de 2002 o banco tinha em torno de 100 mil trabalhadores com metade das unidades que tinha hoje, sendo que metade desses 100 mil eram trabalhadores terceirizados que ela foi obrigada a substituir por mão de obra concursada por medida de intervenção do Ministério Público em ações de 2004 e 2008.
Papel social e lucro
Outro dado que revela a sobrecarga dos empregados da Caixa: são 778 clientes para cada empregado. Para comparar, no Itaú essa relação é de 694. É importante ressaltar que a Caixa faz uma série de atendimentos que os outros bancos não realizam, como a gestão de programas sociais, como FGTS e PIS, além dos créditos direcionados, como Minha Casa, Minha Vida e 70% de todo o crédito imobiliário, entre outras operações essenciais para a retomada do crescimento do país.
Em 2014, a Caixa teve lucro de R$ 7 bilhões. Nos primeiros seis meses deste ano, o resultado atingiu R$ 3,48 bilhões.
Do desmonte para a expansão
Segundo a Fenae, o banco ficou sem contratar nenhum empregado entre 1990 e 2000, com exceção dos estados do Rio e de São Paulo, onde foram realizados concursos em 1998. Foi um período muito difícil, de reajuste salarial zero, de enfraquecimento da empresa, quando se terceirizava e enxugava atividades.
De 2003 a 2014 o banco experimenta uma nova fase. A retomada da organização dos trabalhadores e as greves levaram ao fortalecimento do banco e à expansão das suas atividades. Para ilustrar, a carteira de crédito concedido pela Caixa passou de R$ 112 bilhões em 2008 para R$ 648 bilhões no primeiro semestre de 2015. Mas a quantidade de trabalhadores não acompanhou a quantidade de tarefas. Durante a audiência foi defendida a contratação dos mais de 30 mil aprovados no último concurso público, realizado no ano passado.
Fonte: Com informações da Seeb SP