Estudo de instituto sueco relaciona erosão do regime pelo mundo com a ascensão de governos de extrema direita
Estudo do instituto Variedades da Democracia (V-Dem), da Suécia, coloca o Brasil em uma lista de 12 países em situação de mais séria ameaça à democracia. De acordo com a análise, o viés autoritário do presidente Jair Bolsonaro é o que dá fundamento à conclusão de que as instituições brasileiras estão sob sério risco. “Partidos contrários à pluralidade política levam o país no sentido da autocracia.” Além do Brasil, o rol inclui Polônia, Níger, Indonésia, Botswana, Guatemala, Tunísia, Croácia, República Tcheca, Guiana, Ilhas Maurício e Eslovênia.
A Hungria é tratada pela entidade como um caso à parte. Governada pelo par ideológico de Bolsonaro, Viktor Orbán, o país do Leste Europeu já é considerado uma autocracia e não pode ser considerada democrático. Com Bolsonaro, o Brasil segue para o mesmo caminho.
O V-Dem aponta que, antes de uma ruptura ditatorial, as democracias tendem a sofrer com erosões progressivas. E ressalta que a ascensão de regimes que nutrem desprezo pela democracia está relacionada com a ascensão da extrema direita no mundo.
Os países que mais sofreram decadência democrática foram Brasil, Polônia, Hungria, Índia e Turquia. Todos eles viram a situação se degradar a partir da década de 2010. No Brasil, o cenário se desgastou severamente a partir de 2015, ano em que se iniciou o processo de golpe parlamentar contra a presidenta reeleita Dilma Rousseff (PT). A queda maior, indica o estudo, veio em 2018, ano da eleição de Bolsonaro.
Polarização e desinformação
A polarização política a partir da disseminação sem limites de discursos de ódio também tem relação com o enfraquecimento da democracia nos países apontados. Em 2011, apenas cinco nações apresentavam uma “polarização tóxica em ascensão”, de acordo com V-Dem. Já em 2021, 32 países apresentam o mesmo cenário.
Outro aspecto abordado pela pesquisa: em 2012, 42 países viviam em democracias consideradas avançadas. Contudo, o mesmo estado de plenitude do regime caiu para 34 no ano passado. Atualmente, apenas 14% da população mundial vive sob uma democracia sólida. “O declínio democrático é especialmente evidente na Ásia, Leste Europeu, Ásia Central, América Latina e Caribe”, relata a entidade.
Outro ponto de destaque do estudo é a escalada planetária de desinformação e fake news, tanto nas disputas eleitorais, como pelos próprios governos instituídos. “Governos aumentaram o uso de desinformação para manipular a opinião pública doméstica e internacional”, aponta o instituto sueco.
A entidade destaca as manifestações de “evidente caráter golpista”, como as observadas no Brasil nos dois últimos feriados de 7 de setembro. “O aumento no nível de mobilizações pró-ditaduras pode ser sinal de que os líderes autocráticos estão mais ousados na demonstração de suas ‘legitimidades’”.
Por outro lado, a entidade detecta e alerta para a baixa da intensidade das mobilizações pela democracia no Brasil e pelo mundo. “Mobilizações populares continuam em níveis baixos. Essa lacuna de atos pró-democracia deixam mais fortes os riscos de que ditaduras permaneçam sem contraponto”, completa o estudo.
Crédito: Vermelho
Fonte: Rede Brasil Atual