Ministério Público enxerga “dinheiro público garantindo dinheiro público” na obra do estádio corintiano
O Banco do Brasil informou, através de ofício recebido pelo MPF (Ministério Público Federal) no último dia 27, que não irá fornecer informações ao órgão a respeito das operações de financiamento para a construção do estádio do Corinthians, em Itaquera, sob a alegação de sigilo da documentação.
A Odebrecht e o Banco do Brasil assinaram nesta sexta-feira um contrato de empréstimo ponte no valor de R$ 150 milhões que serão investidos na obra da arena do Corinthians. Em dezembro a construtora foi ao mercado mais uma vez para conseguir o primeiro empréstimo de valor aproximado. Esse esforço é para tocar o estádio que vai abrir a Copa 2014, até que o empréstimo de R$ 400 milhões seja liberado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).
Em 5 de março, o MPF em São Paulo enviou ofício ao presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, com cópia para o superintendente do Banco do Brasil em São Paulo, Sérgio Perez. Na época, foram requisitadas informações detalhadas sobre a operação de financiamento para a construção do estádio do Corinthians, indicado para ser o estádio que receberá os seis jogos da Copa do Mundo previstos para São Paulo, inclusive a partida de abertura.
Na resposta, o banco alega que firmou com a empresa Odebrecht Participações e Investimentos S/A “Proposta para Prestação de Serviços de Assessoria Financeira”, que supostamente estaria protegida por uma cláusula de confidencialidade que impediria o acesso aos dados pedidos.
Para o procurador da República José Roberto Pimenta Oliveira, membro do Grupo de Trabalho Copa do Mundo 2014 e responsável pelo envio do ofício, a documentação requisitada está relacionada com as negociações que o Banco do Brasil está mantendo com o Sport Clube Corinthians e a Odebrecht, visando obter o empréstimo junto ao BNDES. Por conta disso, os documentos são públicos, já que o banco funcionará como agente interventor da negociação visando o recebimento de verba pública proveniente do Programa Arenas para a Copa 2014.
Para Pimenta, não bastassem os recursos públicos do BNDES, através do Programa Arenas para a Copa 2014, haveria mais dinheiro público envolvido na negociação, “haja vista que o Banco do Brasil, sociedade de economia mista – contando com a participação societária majoritária da União Federal – funcionaria como tomador do empréstimo”.
Dessa forma, pelo argumento do Ministério Público Federal, a própria União, por intermédio do Banco do Brasil, estaria fornecendo garantias para o BNDES, visando a liberação do financiamento de dinheiro público. Portanto, ainda que indiretamente, a União estaria assumindo todos os riscos do negócio, caso ocorra algum inconveniente no pagamento do empréstimo pelas instituições Corinthians e Odebrecht.
Fonte: uol