Bolsonaro ampliou as medidas para tornar o funcionamento do Banco do Brasil cada vez mais parecido com o dos bancos privados que pouco se importam com os clientes, cortando custos com o fechamento de agências e reduzindo ainda mais o número de funcionários e a remuneração
O foco do Banco do Brasil (BB) passou a ser apenas o lucro que nos primeiros nove meses de 2021 atingiu R$ 15,09 bilhões, um crescimento de 48,1% em relação ao mesmo período de 2020. No terceiro trimestre de 2021, o lucro foi de R$ 5,1 bilhões, alta de 2% em relação ao segundo trimestre deste ano.
Houve também redução da remuneração, através, entre outros, do Performa. Este programa prevê a redução do valor das funções de quem sobe na carreira do BB.
“Sobrecarregar funcionários e precarizar o atendimento aos clientes para economizar, além da pressão por metas, faz parte da preparação para a privatização. Essa fórmula já é conhecida, primeiro cortam funcionários em massa e depois sucateiam a empresa pública para diminuir os custos e facilitar a sua venda bem mais barata”, diz Eneida Koury, presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região e funcionária do BB. Outro objetivo é com a piora no atendimento, reduzir a resistência da população contra a privatização.
Ao final de setembro 2021, o BB contava com 85.069 funcionários, 7.037 postos de trabalho a menos que em setembro de 2020, em função, sobretudo, dos planos de demissão incentivada na reestruturação de janeiro último. Em 12 meses, foram fechadas 393 agências e 66 postos de atendimento bancário.
O aumento ainda maior da sobrecarga de trabalho é consequência do fechamento maciço dos postos de trabalho, tendo se agravado com a ampliação expressiva da clientela, com o total de clientes passando de 3,4 milhões superando os 76,8 milhões em nove meses. No terceiro trimestre de 2016, o BB tinha 64,69 milhões de clientes. Um crescimento de 19%. A quantidade de trabalhadores, por sua vez, foi reduzida em 22% no mesmo período, passando de 109 mil para 85 mil. Os dados são dos Demonstrativos de Resultados do próprio BB.
O número de agências também diminuiu substancialmente entre o terceiro trimestre de 2016 e o terceiro trimestre de 2021, passando de 5.430 para 3.977. Uma redução de 26,8%.
“O governo Bolsonaro trilha o mesmo caminho iniciado por Michel Temer, precariza, fecha postos de trabalho e agências, exatamente para vender aos bancos privados. É bom lembrar que empresas públicas, como o BB deveriam justamente tomar o rumo contrário e servir de instrumento de combate à crise econômica, social e sanitária que atingiu a população brasileira. Crise que tomou proporções gigantescas pelas políticas neoliberais equivocadas do ministro da Economia, Paulo Guedes, e o negacionismo de Bolsonaro, que deixa atrás de sí mais de 600 mil mortos e milhões na miséria total, roendo osso literalmente”, afirma André Elias, dirigente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região e bancário do BB.
Crédito: Fernando Diegues
Fonte: SEEB do RJ com SEEB de Santos e Região