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Bancos seguem apostando em demissões

18 de maio de 2017

Setor perdeu 8.536 vagas nos quatro primeiros meses de 2017; Caixa foi a principal responsável pelo saldo negativo.

Apenas nos quatro primeiros meses deste ano o setor bancário extinguiu 8.536 postos de trabalho. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o saldo representa aumento de 87,5% no número de cortes de vagas. O dado foi apontado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

Todos os estados brasileiros registraram saldo negativo de contratações, exceto o Acre, que teve apenas um novo posto de trabalho criado. São Paulo (- 2.472), Paraná (1.162) e Rio de Janeiro (-911) foram os estados mais impactados pelos cortes.

Mesmo com lucros elevados no primeiro trimestre, os bancos cortaram milhares de postos de trabalho. Não existe qualquer justificativa razoável para tantos cortes. Como concessões públicas, os bancos deveriam ter responsabilidade social e não colaborar para a já elevada taxa de desemprego no país. O resultado desse tipo de gestão, que corta custos atacando a folha salarial, são bancários sobrecarregados, adoecidos, agências lotadas e clientes insatisfeitos.

Caixa
O banco que mais impactou o emprego no setor foi a Caixa, com saldo negativo de 4.320 postos de trabalho. O elevado número de cortes é resultado do PDVE (Plano de Demissões Voluntárias Extraordinário), lançado no início do ano pouco antes da liberação dos saques de contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Esse quadro aumentou significativamente a demanda de trabalho na instituição, inclusive com ampliação do horário de atendimento e abertura de agências aos sábados.

A direção da Caixa, sob ordens do governo Temer, promove um verdadeiro desmonte na instituição, reduzindo seu papel estratégico para o desenvolvimento e retomada econômica do país. Além disso, reduz drasticamente o quadro de funcionários. Os empregados, junto com suas entidades representativas, devem defender a Caixa 100% pública e seu fortalecimento. Mais empregados para a Caixa é mais Caixa para o Brasil.

Motivação
Do total de cortes nos bancos, 49% ocorreram sem justa causa. A participação dos desligamentos a pedido foi expressiva, 45% do total, devido ao PDVE da Caixa.

Rotatividade
Os bancos, além de cortar postos de trabalho, lucram com a chamada rotatividade. Entre janeiro e abril, os bancários admitidos no setor foram contratados recebendo em média 59,6% da remuneração dos trabalhadores desligados.

Desigualdade de gênero
Outro dado que chama atenção no levantamento do Dieese é a desigualdade de gênero. As 3.393 mulheres admitidas nos quatro primeiros meses de 2017 recebem, em média, R$ 3.478,15. O valor corresponde a 65,1% da remuneração média dos 3.385 homens contratados no mesmo período.

A diferença de remuneração entre homens e mulheres também se faz presente entre os bancários desligados. As 7.788 mulheres que deixaram os bancos recebiam, em média, R$ 6.572,97, ou 79,7% da remuneração média dos 7.526 homens desligados.

Faixa etária
Os bancários admitidos nos primeiros quatro meses deste ano concentraram-se na faixa etária até 24 anos, com saldo positivo em 1.958 postos de trabalho. Já os desligamentos concentraram-se, principalmente, entre bancários de 50 a 64 anos, com o fechamento de 6.132 postos de trabalho.

Isso mostra que, se aprovada a reforma da Previdência, não existirão mais aposentados bancários. Antes de completar 65 anos, com o mínimo de 25 anos de contribuição, o trabalhador será substituído por outro mais jovem, com remuneração inferior.

# Ataques aos direitos dos bancários exige unidade urgente

Fonte: SEEB SP

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