“Bancos públicos se confundem com a própria fundação do Estado”, diz economista Sérgio Mendonça. Mendonça, participou na última quarta-feira (14) de um debate promovido pelo movimento sindical sobre o papel dos bancos públicos no próximo governo
O economista, Sérgio Mendonça, participou na última quarta-feira (14) de um debate promovido pela Contraf e Fenae sobre o papel dos bancos públicos no próximo governo.
Mendonça iniciou sua participação com uma reconstrução histórica das funções destas instituições no Brasil: “Os bancos públicos se confundem com a própria fundação do Estado brasileiro”, disse. A menção diz respeito ao momento de sua fundação, inclusive e em especial no caso do Banco do Brasil, criado quando da mudança da família imperial portuguesa para o Rio de Janeiro.
Apesar desse histórico, que inclui ainda a criação do atual BNDES como banco destinado ao fomento da modernização e industrialização do país, Mendonça destacou o processo de esvaziamento dos bancos públicos durante as gestões de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).
Em termos numéricos, atualmente os bancos públicos representam 40% dos Sistema Financeiro Nacional, enquanto já representaram 50%. Esses dados, na visão de Mendonça, têm uma dupla significação.
“Foi intencional. Para dar espaço e participação para o setor privado. Apesar disso, os bancos resistiram. Eles ainda são muito importantes para a economia brasileira. Isso é muito importante para as discussões que vão se fazer daqui para frente”, sintetizou.
De acordo com o economista, os bancos públicos podem cumprir funções que os privados têm resistência em exercer. “É mais rápido atuar pelos bancos. Eles criam moeda. Eles têm capacidade de influenciar a atividade econômica. Os privados são pró-cíclicos. Concentram renda. Têm objetivos de curto prazo”, disse.
A questão é que essa atuação diferenciada é justamente o que deixou de ocorrer nas últimas gestões: “os bancos públicos estão atuando como bancos privados. Qual a vantagem de ter bancos públicos se eles buscarem a mesma rentabilidade dos privados? É uma rentabilidade indecente”.
BNDES
Além de Mendonça, participaram do evento digital outros nomes ligados ao debate sobre bancos públicos, como Rita Serrano, representante eleita dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal.
Um dos pontos abordados por Serrano foi a recente indicação de Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES e os entraves colocados pela Lei das Estatais, aprovada no governo Temer, para a gestão dessas instituições.
“É fundamental definir critérios para ocupar cargos em estatais. Mas isso não pode ferir o direito de pessoas se associarem a sindicatos e partidos políticos”, disse Serrano, em referência a uma das vedações da Lei.
Um dos empecilhos para a nomeação de Mercadante, a participação em atividades de direção partidária e em campanha político-eleitoral, foi recentemente modificada pela Câmara dos Deputados.