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Bancários sofrem repressão e são empurrados à greve há décadas

2 de outubro de 2015

Por conta da repressão, a última vez que os bancários aceitaram a proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) sem greve foi em 2002 (eram realizadas apenas mobilizações e paralisações pontuais por banco e agência). Na ocasião, o Presidente era Fernando Henrique Cardoso, que perseguia e demitia funcionários do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal caso participassem de manifestações. Além do que, ainda havia muita repressão da polícia militar contra os trabalhadores, o movimento sindical e as greves.

Na época, a justiça, provocada pelos bancos, utilizou um instrumento denominado Interdito Proibitório. De posse do Interdito, os advogados dos banqueiros faziam diligências nas agências, com os Policiais, expulsando a força os grevistas da frente dos bancos. Este procedimento da justiça é sumário contra posseiros que invadem terrenos, o que não é o caso, porque a greve é constitucional conforme a Lei 7.783/89, e ninguém toma posse dos bancos.

Com o apoio do governo FHC, da justiça e da polícia; os banqueiros, valendo-se disso, quase sempre ofereciam reajustes bem abaixo da inflação e abono, como volta a acontecer agora, em 2015. Com uma inflação de 9,88% (registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor-INPC) e apesar de lucrarem mais de 36 bilhões (no 1º semestre/2015), oferecem 5,5% e abono único de R$ 2,5 mil. “É o pior índice proposto pela Fenaban desde 2004 (em relação a inflação). Por outro lado, os banqueiros cobram mais de 400% de juros, da população que precisa utilizar cartão de crédito. A categoria reivindica 16% de aumento salarial e maior distribuição dos lucros”, rebate Ricardo Saraiva Big, Presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.

Unificação das campanhas salariais

A partir de 2003, no governo Lula, os bancários, dos setores públicos e privados, unificaram-se em âmbito nacional. Porque de 1995 até 2002, os bancários da Caixa e do BB tiveram perdas salariais que chegaram, em 2003, a mais de 110%. Sob o comando da política privatizadora do governo FHC, os dirigentes de bancos públicos não reajustavam os funcionários, com o propósito de rebaixar e igualar os salários aos dos bancários do setor privado. Colocando em prática o projeto de privatização dos bancos estatais, com ônus menores para os compradores, como fizeram com o Banespa, Banerj, Banco do Estado de Santa Catarina (BESC), Banestado (Paraná) e outros bancos públicos estaduais.

Duração das greves desde 2003

2003 – 22 dias (BB e Caixa)

2004 – 30 dias

2005 – 5 dias

2006 – 6 dias

2007 – 7 dias

2008 – 17 dias

2009 – 28 dias

2010 – 15 dias

2011 – 21 dias

2012 – 10 dias

2013 – 23 dias

2014 – 7 dias

Fonte: SEEB de Santos e Região
Escrito por: Gustavo Mesquita

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