Os bancários de Santos e região iniciaram a greve, neste dia 24 ? quinta-feira, em todas as agências da Baixada Santista, que inclui as cidades de Santos, São Vicente, Cubatão, Praia Grande, Guarujá, Bertioga, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe. O movimento é de 70% de adesão. Os bancários estão utilizando cartazes, carro de som, adesivos e bandeiras. O movimento foi decidido em assembléia, dia 23.
Os bancários reivindicam 10% de reajuste, os banqueiros oferecem 4,5%, além de rebaixar, em comparação ao ano passado, a proposta de PLR e dizerem não para todas as outras reivindicações de emprego, saúde, cesta-alimentação, vale educação e muitas outras.
Maioria das categorias tiveram aumento acima da inflação
Enquanto os bancários lutam contra a intransigência e enrolação dos banqueiros para obter um reajuste justo, já que os bancos foram os que mais lucraram com a crise, 83% das outras categorias que tiveram a data-base em 1º de agosto, já tiveram aumento acima da inflação, mesmo sem o mesmo lucro abocanhado pelas instituições financeiras. Os funcionários dos Correios tiveram proposta de 9% e mesmo assim optaram pelo dissídio na justiça, pois pediram 41% de aumento devido a defasagem durante as últimas décadas.
Os metalúrgicos que sofreram muito mais com a crise, quando milhares foram desempregados como no caso da Embraer, da Usiminas e em várias outras empresas pelo país afora conseguiram reajustes maiores do que a inflação. Como os de São José dos Campos e São Caetano, por exemplo, que não aceitaram o índice de 6,53% (mesmo sendo 2% acima da inflação) e depois da greve obtiveram 8,3% + abono de R$ 1.950,00. Já os de Campinas, ligados a Intersindical, depois de rejeitarem 6,53%, aceitaram um reajuste de 10% (5,32% acima da inflação) proposto, depois da pressão, pelo sindicato das montadoras – Sinfavea.
É bom esclarecer que o índice de inflação da categoria metalúrgica é medido pelo INPC, que é maior que o medido pelo ICV adotado pela Fenaban.
?Portanto a categoria vai exigir 10% de reajuste e uma PLR maior, pois os banqueiros brasileiros estão por cima no ranking mundial de bancos com maior lucratividade?, diz Ricardo Saraiva Big, presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
Banqueiros se reúnem secretamente com PM de São Paulo
No último dia 11/09, os banqueiros reuniram-se com a Polícia Militar para organizar esquemas de repressão contra uma possível greve dos bancários. ?Isto é contra a Constituição Federal, portanto fora da Lei. A PM não é paga pelos contribuintes para ser segurança particular de banqueiro. Já estamos denunciando para o Ministério Público do Trabalho?, afirma Ricardo Saraiva Big, Presidente do Sindicato.
Magistrados e juízes confirmam que isto é contra a Lei e a greve é constitucional. ?A greve é o principal mecanismo do trabalhador de enfrentamento da força empresarial. Exercício justo e legítimo?, disse Omar Afif, procurador-geral do Trabalho. Para Flavio Landi, da Anamatra (Associação Nacional do Magistrados do Trabalho), ?mesmo o piquete, enquanto for pacífico está protegido pela Constituição, que estabelece que a ordem econômica está adstrita à valorização do trabalho?.
Os banqueiros apostam na repressão, conforme evidencia essa reunião com a PM e os interditos. A Febraban solicitou apoio da PM para o cumprimento dos interditos proibitórios, que visam coibir as manifestações do Sindicato nas agências e concentrações bancárias. ?A PM deve ser mantida a serviço da população, dos trabalhadores, e não na defesa de interesses privados?, conclui Big.