Calote do agronegócio, propagação de mentiras por deputados contra Banco do Brasil e bloqueio de empréstimos consignados ajudaram a diminuir lucro e, consequentemente, PLR paga
Os funcionários (as) do Banco do Brasil (BB) receberam, sexta-feira (12) o pagamento da Participação nos Lucros e/ou Resultados (PLR). A antecipação atende a uma reivindicação do movimento sindical.
Os valores pagos foram proporcionais ao lucro do banco, que atingiu R$ 11,2 bi no primeiro semestre de 2025, uma queda de 40,7% em relação ao mesmo período do ano passado, marcada pelo aumento da inadimplência, com destaque para o segmento do agronegócio. O BB, que responde por 50,1% do crédito agropecuário no país, viu a taxa de inadimplência do setor subir para 4,21% no segundo trimestre, uma alta de 1,21 ponto percentual em 12 meses. Com isso, as despesas com Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) somaram R$ 15,9 bilhões, com crescimento de 105% em relação a junho de 2024.
Calote do Agronegócio
Escritórios de advocacia têm sido acusados pelo BB de induzir produtores rurais a pedir recuperação judicial, o que o banco considera uma distorção da lei e uma forma de “dar calote” nas dívidas, especialmente em um cenário de crise no setor agro. Estes pedidos de recuperação judicial, em alta, contribuíram com a queda significativa no lucro trimestral do banco.
Advogados promovem campanhas por “calote”
A presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, afirmou que alguns escritórios promoveram “campanhas” nas redes sociais para que produtores rurais deixassem de pagar dívidas e pedissem recuperação judicial.
O banco argumenta que a recuperação judicial deve ser um último recurso, e não um instrumento para “blindar patrimônio” ou postergar pagamentos de forma abusiva, configurando o que chamam de “litigância abusiva”.
O BB tenta negociar com os produtores rurais.
Inadimplência:
O setor do agronegócio registrou um aumento na inadimplência, com 20 mil devedores no setor, e uma alta de 45% nos pedidos de recuperação judicial no primeiro trimestre de 2025.
Impacto no BB:
A situação provocou uma queda de 60% no lucro trimestral do Banco do Brasil e levou a instituição a endurecer a concessão de crédito para o setor rural.
AGU pede investigação de fake news contra Banco do Brasil
A AGU (Advocacia-Geral da União) encaminhou uma notícia-crime à PF (Polícia Federal) solicitando a abertura do inquérito para investigar as fake news (informações falsas) propagadas contra o BB. A denúncia foi feita pelo banco dia 22 de agosto de 2025.
No documento encaminhado pelo órgão, os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Gustavo Gayer (PL-GO) são mencionados como responsáveis por divulgar notícias falsas contra a instituição na web.
Deputados teriam propagado fake news contra o BB
Segundo a AGU, perfis virtuais e canais no YouTube dispararam de forma massiva e articulada mensagens nas redes sociais pedindo a retirada de recursos de contas bancárias.
O Banco apontou à AGU que Gayer publicou a mensagem: “Tirem seu dinheiro dos bancos, Moraes vai quebrar o Brasil”, disse o parlamentar.
Em transmissão no YouTube, no dia 20 de agosto, Eduardo Bolsonaro, afirmou que o banco estatal seria “cortado das relações internacionais” e iria à falência.
A AGU reconheceu que as publicações podem estimular os correntistas a retirar valores de bancos e gerar instabilidade econômica, o que realmente acontece e também ajudou na diminuição do lucro do BB. Para o órgão, A investigação pela PF é necessária para apurar a autoria e a materialidade dos fatos.
Bloqueio de empréstimos consignados
Por conta das fraudes dos descontos ilegais descobertas nas contas dos aposentados, em 08 de maio o INSS bloqueou novos descontos de empréstimos consignados para “todos os segurados” do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A partir daquela data, a biometria é exigida em todas as novas operações de crédito consignado para aposentados, incluindo contratação inicial, refinanciamento e portabilidade. O que interferiu no lucro dos bancos, inclusive do Banco do Brasil.