Onda de protestos contra um dos principais projetos do governo Mauricio Macri culmina em suspensão de sessão no Congresso. Reforma afetará 17 milhões de pessoas. No Brasil é preciso ampliar a mobilização contra os ataques à aposentadoria
A Argentina enfrenta uma onda de protestos contra a reforma da previdência. Há semanas os argentinos saem às ruas contra a proposta apresentada pelo governo Mauricio Macri e, nesta quinta-feira (14/12), os manifestantes conseguiram interromper a votação do projeto.
Durante quatro horas, policiais e manifestantes travaram uma batalha na praça diante do Congresso em Buenos Aires. Os manifestantes tentaram romper as barreiras que isolavam o prédio e foram impedidos por policiais com balas de borracha e gás lacrimogêneo. Em resposta, o grupo arremessou pedras e incendiou lixeiras.
Dentro do Congresso também houve distúrbios. Após deputados da oposição e governistas trocarem insultos, a sessão para a votação da reforma foi encerrada pelo presidente da Câmara, Emilio Monzó. O governo teve ainda dificuldade de conseguir o quórum necessário para a votação.
Mesmo após o término da sessão, os confrontos entre manifestantes e polícia do lado de fora continuou. A violência deixou pelo menos 30 feridos.
O principal ponto da controversa reforma previdenciária de Macri, já aprovada pelo Senado, é a mudança na maneira como são calculados os aumentos das receitas de pensão.
Enquanto a atual lei estabelece um ajuste semestral com base numa mistura entre a arrecadação da Seguridade Social e a variação salarial, o mecanismo que o governo propõe determina que esse ajuste será trimestral e calculado entre a inflação e os aumentos de salários.
Na prática, o aumento que receberiam os beneficiários no próximo trimestre seria menor pelo novo cálculo. A mudança resultaria em uma economia de 5 bilhões de dólares para o governo. Cerca de 17 milhões de argentinos, ou seja, mais de um terço da população do país, seriam afetados com a alteração.
O governo, porém, alega que, com as mudanças, os aposentados ganharão mais em 2018 e seus rendimentos serão cerca de cinco pontos percentuais acima da taxa de inflação esperada.
Líderes sindicais e ativistas sociais, no entanto, contestam essa estimativa e afirmam que a reforma reduzirá os pagamentos de pensões, bem como a ajuda para algumas famílias pobres.
A reforma da previdência faz parte de uma série de mudanças lançadas pelo governo Macri para reduzir o elevado déficit argentino. Ao assumir o poder, em dezembro de 2015, o presidente prometeu cortar gastos os excessivos e reavivar a economia do país.
Crédito: Deutsche Welle
Fonte: Com informações do Terra