O Bradesco foi o primeiro grande banco a divulgar o balanço do terceiro trimestre deste ano. A instituição financeira anunciou nesta segunda-feira (22) um lucro líquido ajustado de R$ 8,605 bilhões, alta de 2,1% sobre os primeiros nove meses de 2011.
Esse é o quarto maior lucro da história entre os bancos de capital aberto brasileiro. O maior lucro para o mesmo período do setor é do Itaú Unibanco, em 2011, no valor de R$ 10,94 bilhões.
No terceiro trimestre, o lucro líquido ajustado foi de R$ 2,893 bilhões, o que representa alta de 1,01% sobre igual intervalo do ano passado e alta de 0,91% frente ao segundo trimestre de 2012.
Esse resultado estrondoso abre nova safra de lucros abundantes dos bancos brasileiros.
Novo truque da PDD
Conforme análise preliminar do Dieese, o banco voltou a usar a manobra contábil das elevadas provisões para devedores duvidosos (PDD). O montante provisionado foi de R$ 3,303 bilhões de julho a setembro, alta de 18,9% contra o mesmo período de 2011. Em relação ao segundo trimestre deste ano, houve diminuição de 3,1%.
Já o índice de inadimplência superior a 90 dias apresentou uma pequena queda, encerrando setembro em 4,1%, o que representa 0,1 ponto percentual a menos em relação ao trimestre anterior.
Se não fosse esse truque da PDD, cujos valores não se justificam diante dos números de inadimplência, o lucro teria sido ainda maior.
Mais cortes de empregos
Apesar do lucro astronômico, o Bradesco fechou 431 postos de trabalho entre julho e setembro, a exemplo do trimestre anterior quando foram eliminadas 571 vagas, totalizando 1.002 cortes de empregos nos últimos seis meses. Com isso, o quadro caiu para 104.100 funcionários.
É inaceitável a redução de postos de trabalho, enquanto cresce o lucro bilionário do banco. Em vez de demitir, o banco precisa contratar, a exemplo de outros setores da economia brasileira, e contribuir para o desenvolvimento econômico e social do país com geração de empregos e distribuição de renda.
Menos funcionários, mais agências
O Bradesco abriu novas agências. O banco atingiu 4.665 unidades em setembro, aumento de 18,3% em comparação ao mesmo período do ano passado. Houve também expansão do número de correspondentes para 41.713, o que significa 33% a mais do que setembro de 2011.
Isto significa mais sobrecarga de trabalho. Explica-se por que os bancários estão mais estressados e crescem os casos de adoecimento.
Mais rotatividade
As despesas de pessoal caíram para R$ 3.118.878, uma queda de 7,69% em relação a R$ 3.378.538 em setembro de 2011 quando o banco tinha mais funcionários.
Isso comprova com os números do balanço o efeito perverso da rotatividade que o Bradesco utiliza para reduzir custos e turbinar os lucros.
Mais receitas de tarifas
As receitas com prestação de serviços cresceram 16,39% em 12 meses, passando de R$ 2.889.439 para R$ 3.362.954, e 4,92% apenas no último trimestre, de R$ 3.362.954 para R$ 3.362.954.
Além disso, a cobertura das despesas de pessoal pelas receitas de prestação de serviços mais renda das tarifas bancárias cresceu 27,23 pontos percentuais, passando de 111,65% para 138,88%.
O aumento dessas receitas compensou tranquilamente as pequenas reduções nas taxas de juros de algumas linhas de crédito. Além disso, os números revelam que tais receitas cobrem sozinhas todas as despesas de pessoal do banco e ainda sobra quase 39%.
Novos balanços
Mais quatro bancos possuem datas previstas para a divulgação dos balanços do terceiro trimestre. Nesta terça-feira (23) é a vez do Itaú.
O Santander anuncia os resultados na sexta-feira (24) e o Banco do Brasil, no dia 31.
Fonte: Contraf