Ansiedade é um termo geral para vários distúrbios que causam nervosismo, medo, apreensão e preocupação.
A ansiedade é uma reação que todo indivíduo experimenta diante de algumas situações do dia a dia, como falar em público, expectativa para datas importantes, entrevistas de emprego, vésperas de provas, exames de saúde entre outras.
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Algumas pessoas, porém, vivenciam esta reação de forma mais frequente e intensa, que pode ser considerada patológica e comprometer a saúde emocional. Como saber quando a ansiedade normal ultrapassa os limites e pode ser considerada um transtorno? Confira mais no texto abaixo.
Ansiedade e Medo
De acordo com o DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais) os transtornos de ansiedade incluem transtornos que compartilham características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionadas.
Medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça futura.
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O medo é com mais frequência associado a períodos de excitabilidade aumentada, necessária para luta ou fuga, pensamentos de perigo imediato e comportamentos de fuga. Os ataques de pânico se destacam dentro dos transtornos de ansiedade como um tipo particular de resposta ao medo.
Já a ansiedade é mais frequentemente associada a tensão muscular e vigilância em preparação para perigo futuro e comportamentos de cautela ou fuga.
O que caracteriza o transtorno de ansiedade?
Os transtornos de ansiedade se diferenciam do medo ou da ansiedade normais, adaptativos, por serem excessivos ou persistirem além de períodos apropriados ao nível de desenvolvimento. Eles diferem do medo ou da ansiedade provisórios, com frequência induzidos por estresse, por serem persistentes.
13 Sinais de Ansiedade
Listamos os principais comportamentos que podem estar relacionados a transtornos de ansiedade, e merecem atenção:
1 – Enxergar perigo em tudo
Indivíduos com transtornos de ansiedade em geral superestimam o perigo nas situações que temem ou evitam. O medo ou a ansiedade são excessivos ou fora de proporção. Você já conheceu alguma pessoa que não viaja de avião por que tem medo de acidente aéreo? Está sempre pensando que o avião vai cair?
Um outro exemplo é alguém que passa por um procedimento ou exame médico simples e teme ter uma doença grave ou ficar incapacitado após o exame. Em casos mais extremos chega até a cogitar a possibilidade de morrer no procedimento.
2 – Assaltar a geladeira ou descontar a preocupação no docinho
Não faltam casos de pessoas que encontram na comida uma solução para seus problemas emocionais. Ao menor sinal de preocupação você recorre ao brigadeiro, a um docinho ou qualquer outro alimento para aliviar a tensão. Em geral mastigam pouco o alimento, e ingerem grande quantidade de comida em pouco tempo.
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Comer indiscriminadamente, sem fome, por ansiedade, estresse ou outra emoção negativa é um sinal de alerta. E cuidado, esta atitude também pode desencadear uma compulsão alimentar.
3 – Alterações de sono
Sentem dificuldade para dormir ou apresentam episódios de insônia em vésperas de reuniões importantes e eventos. Não conseguem se desligar do que fizeram ao longo do dia no trabalho e passam a noite processando o que farão no dia seguinte. Algumas vezes chegam a sonhar e despertar pensando em soluções possíveis para determinada questão.
4 – Sofrer com tensão muscular
Estão sempre com dores nas costas, ombros e nuca. Seus músculos do pescoço estão travados e a dor é tanta que mal dá para virar de lado? Essa tensão muscular, quase constante, geralmente acompanha os transtornos de ansiedade. Quanto maior a preocupação e o desânimo, maior a possibilidade de transferir as tensões para a região cervical.
5 – Ter medo de falar em público
Somente ao pensar na necessidade de realizar uma apresentação para uma plateia sinais como sudorese excessiva, mãos geladas, taquicardia, falta de ar e respiração ofegante aparecem.
6 – Preocupar-se em excesso
Estão sempre preocupados com o futuro. Ainda mais em épocas de crise econômica, é comum ver pessoas preocupadas com a manutenção do emprego. Será que estarei empregado mês que vem? Terei dinheiro para pagar minhas contas? Como vou cuidar da minha família?
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A preocupação excessiva é uma fonte direta de dores de cabeça, úlceras, ansiedade e stress, podendo inclusive afetar o sistema imunológico.
7 – Ficar à beira de um ataque de nervos
Irritabilidade, mudanças de humor repentinas e sem explicação aparente. Pessoas que estão a ponto de entrar em um ataque de nervos, podem passar da euforia ao pranto rapidamente. Esses sintomas surgem em momentos de maior pressão e stress, por exemplo, quando da perda de um emprego ou de um ente querido.
8 – Conviver com medos irracionais
Medos de estar perdendo alguma coisa, de não ser bom o suficiente, medo do fracasso, pânico de ficar sozinho ou de não ser aceito também perseguem pessoas ansiosas. Campeões de autocrítica, são os primeiros a não se sentir capazes o suficiente para concluir uma determinada atividade. O excesso de medo pode comprometer a segurança nas relações pessoais, seja no trabalho ou na família.
9 – Apresentar inquietação constante
Dificuldade de concentração, inquietação e fadiga. O indivíduo apresenta uma angústia intensa, não consegue ficar quieto, caminha de um lado para o outro, desespera-se. Fatores que geram grande desconforto ao atrapalhar a conclusão de uma tarefa, ao afetar a qualidade de vida da pessoa e de quem está ao seu lado.
10 – Sofrer com sintomas físicos
Nos momentos de ansiedade, podem surgir sintomas físicos como tremores, cansaço fácil, sensação de falta de ar ou asfixia, coração acelerado, suor excessivo, mãos frias e suadas, boca seca, tontura, náuseas, diarreia, desconforto abdominal, ondas de calor, calafrios, micção frequente, dificuldade para engolir, sensação de engasgo, entre outros.
11 – Pensamento obsessivo
O pensamento obsessivo é uma incapacidade de ganhar controle sobre pensamentos e imagens, angustiantes e recorrentes. Estudos de imagem cerebral indicam que está associado a uma disfunção neurológica de causa desconhecida que força os pensamentos em ciclos repetitivos. O pensamento obsessivo também pode estar associado a transtornos do humor, incluindo distimia, depressão, transtorno bipolar e é o sintoma definidor de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), Transtorno de Pânico e muitas outras condições psicológicas.
12 – Perfeccionismo
O perfeccionismo caracteriza-se pela insistência em estabelecer padrões altos e pela busca incessante em alcançar esses padrões. E de fato, os perfeccionistas muitas vezes têm alto desempenho – mas o preço desse sucesso pode ser a infelicidade e insatisfação crônicas. Pode estar fortemente ligado ao medo de errar e a comportamentos de auto-sabotagem, como a procrastinação. Como a perfeição é algo praticamente impossível de se atingir, pessoas perfeccionistas acabam sofrendo com a ansiedade por não conseguir atingir o objetivo estabelecido.
13 -Problemas digestivos
Um sistema muito afetado pelo estresse e ansiedade é o gastrointestinal. Dores, má digestão, mal-estar no abdômen, diarreia e azia são alguns desses sinais que podem causar incômodo. Ansiedade excessiva e estresse agudo podem alterar as funções gastrointestinais por meio do sistema nervoso. Como consequência dessas alterações podem surgir úlceras, gastrites, doenças inflamatórias, refluxo gastroesofágico e síndrome do intestino irritável.
Estratégias para controlar a ansiedade
Sessões de Psicoterapia
A Psicoterapia é um processo que pode ajudar, e muito, os indivíduos que sofrem com ansiedade. A psicoterapia é um tratamento colaborativo baseado na relação entre um indivíduo e um psicólogo. Baseado em diálogo, ele fornece um ambiente de apoio que permite falar abertamente com alguém que é objetivo, neutro e sem julgamento. Você e seu psicólogo trabalharão juntos para identificar e mudar os padrões de pensamento e comportamento que o impedem de sentir o seu melhor.
Praticar atividade física
Reserve um tempo para uma caminhada, corrida ou qualquer atividade física que te proporcione prazer. Atividade física realizada de forma regular ajuda a fortalecer o sistema imunológico, prevenir doenças cardiovasculares e obesidade. Aumenta o bem-estar, a disposição para atividades do dia a dia e a produtividade no trabalho. Também diminui a insônia e melhora a saúde mental, prevenindo a depressão. Se você é do tipo competitivo, estabeleça uma meta, como por exemplo correr uma prova de 5 ou 10 km. Regula o sono, pois a prática de exercícios libera endorfina, uma enzima que proporciona bem-estar e diminui a ansiedade e o estresse.
Praticar meditação
Neurocientistas já comprovaram que a prática de meditação contribui para aumentar a região do córtex pré-frontal esquerdo, região responsável pelo sentimento de felicidade. Cinco minutos diários para observar a respiração já são eficientes para o começo. Se possível estimule sua equipe a meditar também, os ganhos serão enormes. Mindfulness é uma das intervenções mais eficientes para reduzir o estresse e o sistema imunológico. Eu gosto bastante e uso o Headspace. Descobri recentemente o app da Vivo Meditação, já em português. Quem sabe você não começa a meditar hoje mesmo?
Ouvir música
A música ajuda relaxar, extravasar, expressar, dançar, celebrar, interiorizar, descansar… Ainda mais no Brasil, onde a narrativa social e o cotidiano são musicais. Ela é um elemento terapêutico por excelência. É algo medicinal e sem contra-indicações. Quando foi a última vez que você curtiu sua música preferida?
Manter uma alimentação saudável
Um cérebro saudável é a primeira linha de defesa contra a ansiedade, depressão e outros transtornos do humor. Algumas vitaminas são necessárias para a formação de neurotransmissores que estimulam o humor, enquanto outras fornecem energia para células cerebrais ou as protegem de danos. Assim como os nossos órgãos, o nosso cérebro precisa de certas vitaminas para funcionar normalmente.
Todos passamos por momentos de ansiedade. Se forem muito frequentes ou muito intensos, podem indicar a necessidade de auxílio de profissionais especializados. Converse conosco e marque uma consulta com um psicólogo.
Fonte: Vittude – Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais 5.ª edição (2013)
Escrito por: Tatiana Pimenta