Em todo Brasil, quase 60% dos salários não tiveram reposição da inflação em abril; Reajuste médio ficou em 5,6%, enquanto o INPC acumulado até o período atingiu 6,9%
Estudo publicado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostra que, em abril, quase 60% dos salários não tiveram reposição da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Ou seja, a maior parte dos salários sofreu perda real no valor.
Segundo a entidade, o reajuste médio no mês foi de 5,6% enquanto que o INPC registrou alta acumulada de 6,9% nos 12 meses finalizados em abril.
No mês, 59,7% dos acordos coletivos não obtiveram reposição da inflação; 26,6% foram reajustados com percentual igual ao INPC; e outros 14% acima da inflação.
Os bancários estão entre os que conseguiram reajustes salariais acima da inflação, graças a atuação das entidades representativas que, em 2019, negociaram o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2020/2022.
Em 2019, os sindicatos negociaram o acordo coletivo por 2 anos, com a realidade econômica imposta por privatizações e cortes de direitos (reforma trabalhista e reforma da previdência). Em um cenário de reajuste zero para a maioria dos trabalhadores, os bancários arrancaram, para 2020, aumento de 1,5% nos salários, com abono de R$ 2 mil. E, ainda, a reposição da inflação (estimada em 2,74% no período) para as demais verbas, como vales alimentação e refeição e auxílio-creche/babá.
Relatório do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aponta que, em 2020, 38,5% dos ajustes salariais resultaram em aumentos reais nos salários. Enquanto que os reajustes iguais à inflação somaram 34,3% do total; e os reajustes abaixo da inflação, 27,2%.
O acordo de dois anos, depois de muita discussão entre o movimento sindical e os bancos, mesmo diante do cenário devastador da pandemia para o mundo e, mais ainda, para o Brasil (como fica claro na CPI), vai garantir este ano de 2021 a reposição do INPC acumulado no período (1º de setembro de 2020 a 31 de agosto de 2021) e aumento acima da inflação de 0,5% para salários e demais verbas como vale-alimentação e vale-refeição, assim como para os valores fixos e tetos da PLR.
O acordo 2020/2022 é importante porque garante direitos, a convenção coletiva de trabalho e, acima de tudo, num cenário de extrema turbulência, nos garantiu ter reajuste salarial e tranquilidade.
“Contudo, sem mobilização dos bancários e bancárias, o nosso Acordo Coletivo pode deixar de existir no próximo ano, caso não haja uma mudança radical neste governo. Caso consigam privatizar o Banco do Brasil e a Caixa”, alerta Eneida Koury, presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
Crédito: Marcello Casal Junior/EBC
Fonte: Comunicação do SEEB de Santos e Região com Contraf