Enquanto o futebol toma conta da televisão, da imprensa e da mente da maioria dos brasileiros, não custa lembrar alguns fatos que passaram relativamente desapercebidos.
A seleção brasileira ganhou as duas primeiras partidas que disputou até agora na Copa do Mundo. Deve se classificar em primeiro lugar do seu grupo. Mas seu desempenho (até o fechamento dessa edição) preocupa aos que gostam do futebol. A era Dunga, que ressuscitou o estilo Zagalo/Parreira da Copa de 1994, não empolga, e muitos outros interesses condicionam uma seleção de jogadores “europeus”, mais preocupados com dinheiro e carreira pessoal. Saudades do Garrincha e do João Saldanha.
Mas, enquanto o futebol toma conta da televisão, da imprensa e da mente da maioria dos brasileiros, não custa lembrar aos nossos leitores e militantes alguns fatos que passaram relativamente desapercebidos nos últimos dias.
1.As chuvas continuam matando pobres brasileiros.
As chuvaradas que caíram nos estados de Alagoas e de Pernambuco causaram uma verdadeira tragédia. Mais de cem mortos. Todos eram pobres e moravam em condições desumanas em áreas de risco.
O fato não repercutiu na grande imprensa burguesa. E, infelizmente, morrer de chuva já virou fato corriqueiro sem que ninguém se responsabilize por isso. Ficam as famílias, em geral, sem casa, sem indenização e totalmente desamparadas.
2. Anvisa apreende mais 500 mil litros venenos agrícolas adulterados.
No Brasil, existem apenas dez empresas transnacionais que controlam 900o mercado de venenos agrícolas. Muitos venenos vendidos por aqui já estão há muito tempo proibidos em seus países de origem. Por isso, aceleram as vendas aos irresponsáveis fazendeiros brasileiros que, mesmo assim, compram, ávidos apenas por lucros. E não bastasse isso, tem sido frequente a ação dos nossos heróis brancaleones, os 40 (é verdade!) fiscais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do Ministério da Saúde, distribuídos por todo território nacional.
No dia 7, eles apreenderam, numa das empresas transnacionais, 500 mil litros de venenos adulterados. Isso mesmo: adulterados. Ou seja, a fábrica falsifica a fórmula diferente daquela que está no rótulo para aumentar seu poder mortífero.
Se fossemos um país sério, essas fábricas já estariam fechadas há muito tempo. Mas, por ora, o exército de brancaleone segue seu papel de apreender aqui e acolá apenas algumas amostras, do cerca de 1 bilhão de litros que são vendidos todos os anos e vão parar no nosso solo, na nossa água, e nosso estômago.
3. Comissão da Câmara aprova imposto sobre fortunas.
Acredite se quiser! A revista Veja ainda não descobriu para tentar desmoralizar, mas a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou o projeto de lei da deputada Luciana Genro (PSOL-RS), que institui o imposto progressivo sobre as fortunas. Se você ainda não sabe, está lá no projeto que, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do Ministério do Planejamento, a concentração de renda é tão grande no Brasil, que “as 5 mil famílias mais ricas do país têm patrimônio médio de R$ 138 milhões, o que representa 420o PIB. Só desse grupo de milionários se poderia cobrar apenas 50e imposto por ano, e renderia ao país o valor de R$ 30 bilhões, o que poderia duplicar o orçamento da educação”, por exemplo.
4. Presidente da CTNBio quer aprovar o arroz transgênico da Bayer.
O presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança anunciou que no dia 24 de junho irá a votação e – espera ele, servil – a aprovação do arroz transgênico da Bayer.
Essa variedade não apresenta nenhuma pesquisa de segurança para os consumidores. Nem representa aumento da produtividade do arroz, que no caso brasileiro, já é das mais altas do mundo. Ele apenas combina a produção com uso de um veneno da Bayer. A insegurança e a falta de pesquisa, agravadas pelo fato de que toda a população se alimenta com arroz, exigiria precaução redobrada. Até agora nenhum, repetindo, nenhum governo do mundo ousou aprová-lo. Até nos Estados Unidos sua liberação foi negada. Na Alemanha, pátria da Bayer, também. Mas, aqui, um bando de irresponsáveis que se escudam no título de cientista, com a desaprovação dos próprios relatores do caso, quer aprovar.
Está na hora do governo Lula assumir suas responsabilidades e interferir no caso.
E sempre é bom lembrar: se as empresas acham que não tem problema nenhum para a saúde, por que se recusam a colocar no rótulo o aviso de que contem transgênicos?
Fonte: b