É crescente a participação dos transtornos mentais dentre as principais causas dos afastamentos de bancários nos últimos anos
As técnicas da subseção do Dieese da Contraf, Vivian Machado, e do Seeb São Paulo, Cátia Uehara, assinam um artigo sobre adoecimento bancário na 10ª Carta de Conjuntura do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, o Conjuscs, lançada na tarde desta terça-feira, 17.
A nota “Os afastamentos no setor bancário: transtornos de uma categoria sob pressão” tem como objetivo demonstrar a situação da saúde dos bancários no país, em um contexto de reestruturação e digitalização dos serviços prestados pelos bancos, gerando cada dia mais pressão e levando muito trabalhadores do setor a se afastarem do trabalho.
De janeiro de 2009 a março de 2014, o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), que é vinculado ao Ministério da Previdência Social, disponibilizou dados de concessão de benefícios a título de auxílio-previdenciário (B31) e de auxílio-acidentário (B91), desagregados pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) e pela Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
Após isso, houve alteração na forma como os dados são divulgados ao público. Entre 2009 e 2013, houve um aumento de 40,4% do número total de benefícios concedidos aos trabalhadores do setor bancário: de 13.297 beneficiários afastados em 2009, para 18.671 registrados no ano de 2013, em um movimento crescente ano após ano, ou seja, houve um crescimento de 5.374 benefícios em quatro anos.
Mudança no perfil dos afastados
“Como os bancos vêm sofrendo um processo de digitalização, um processo de encolhimento, eles vêm reduzindo significativamente a estrutura física, o número de funcionários o que acaba sobrecarregando e acelerando o ritmo de trabalho dos que ficam. O modelo de gestão também tem colocado muita pressão nesses trabalhadores. Por isso, nossa grande preocupação é com a mudança no perfil dos afastados, nos últimos anos. Até 2012, a principal causa era LER/ DORT. Já em 2013, os transtornos mentais assumiram a liderança dos afastamentos. Atualmente, cerca de 1/3 dos afastamentos são por causas de transtornos mentais”, explicou Vivian.
Nos demais setores de atividade econômica também houve elevação do número de benefícios no período, porém, num ritmo menor do que o verificado nos bancos. Nesses setores, o crescimento foi de 26,2%, passando de 2,043 milhões de benefícios em 2009, para 2,577 milhões em 2013.
É crescente a participação dos transtornos mentais dentre as principais causas dos afastamentos de bancários nos últimos anos. Grave também é o fato de muitos deles permanecerem trabalhando mesmo adoecidos, além do fato de que é muito significativo o número de bancários trabalhando e vivendo a base de remédios como antidepressivos e ansiolíticos, entre outros voltados ao tratamento dos transtornos mentais.
As Cartas de Conjuntura são documentos bimestrais que reúnem as contribuições, em formatos de notas técnicas, dos pesquisadores do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS).
Fonte: Contraf