Os bancários e bancárias estarão em greve a partir da próxima terça-feira, 06. A decisão foi tomada em assembleia geral na última sexta. A paralisação é nacional, por tempo indeterminado, e envolverá trabalhadores de bancos públicos e privados.
Depois de quatro rodadas de negociação, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) se recusou a atender as reivindicações da categoria, apresentando proposta rebaixada de 6,5% de reajuste para salários, PLR, auxílios refeição, alimentação e creche, mais abono de R$ 3 mil. A proposta não contempla as reivindicações de emprego, igualdade de oportunidades, saúde e condições de trabalho, e não repõe sequer a inflação do período, projetada para 9,57% (em agosto). O índice representaria perda de 2,8% nos salários da categoria.
A proposta da Fenaban significa redução de salários, sem nenhum avanço das cláusulas sociais da minuta. Além disso, a política de abono é um grande retrocesso, pois não é incorporado como benefício, nem refletido nas garantias trabalhistas, como 13º, férias e fundo de garantia.
Entre as principais reivindicações da Campanha Salarial 2016 estão: reajuste de 14,78%, valorização do piso salarial, no valor do salário mínimo calculado pelo Dieese (R$3.940,24 em junho), PLR de três salários mais R$ 8.317,90, combate ao assédio moral, fim da terceirização, fim das demissões, mais contratações, segurança, defesa das empresas públicas e dos direitos da classe trabalhadora, ameaçados pelo governo de Michel Temer.
Não existe motivos para a negativa dos banqueiros. Só no primeiro semestre do ano, os cinco maiores bancos que atuam no Brasil (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa) lucraram R$ 29,7 bilhões. O dado deixa claro que não há crise para os bancos. Esse lucro também é fruto do trabalho dos bancários e bancárias, que precisam ser valorizados.
De janeiro a julho, foram cortados 7.897 postos de trabalho bancário. Vivemos um momento de reestruturação produtiva no sistema financeiro que associa o investimento em tecnologias da informação (TI) ao corte de empregados, tudo isso aliado a uma política de metas que pressiona o trabalhador bancário a produzir cada vez mais, sobrecarregando e adoecendo a categoria. O trabalhador é assediado, e os clientes sofrem com o número reduzido de empregados nas agências.
É hora de unificar a luta
Durante a assembleia os bancários reforçaram o chamado à mobilização da categoria, não apenas para garantir a pauta específica, mas para fortalecer a luta dos trabalhadores num momento de ataque a direitos.
As negociações com a Fenaban provocam indignação. O adoecimento da categoria é perverso. E esse adoecimento tem como causa a imposição de metas, o desrespeito. E isso não é privilégio de um banco ou outro, é uma realidade que atinge a todos. Precisamos construir essa greve com uma indignação capaz de contagiar os colegas ao nosso lado. A Fenaban argumenta que os bancários estão bem, que os lucros não são tão grandes. Todo ano a mesma ladainha. Mas é o setor que mais lucra, e nós somos os responsáveis por esse lucro. Não podemos encarar isso de forma pacífica. Precisamos ter disposição para a luta e dizer para os banqueiros: vocês precisam nos respeitar.
Acabamos de ter um processo de impeachment, e independente da nossa posição política, ficou claro que o motivo não foi a corrupção, mas necessidade de intensificar a pauta neoliberal e impor medidas que retiram direitos dos trabalhadores. Estão em curso no congresso projetos que liberam a terceirização irrestrita, que congelam os gastos públicos com áreas sociais e impedem o reajuste dos servidores. Tudo isso para garantir o pagamento da dívida pública brasileira.
Estamos fazendo uma negociação num contexto de crise política e de crise financeira. Mas a crise é só para o povo, porque o lucro dos bancos continua nas alturas. Nos bancos públicos federais, vamos negociar com um governo ilegítimo, que não serve aos interesses da nação, mas aos interesses das grandes corporações comerciais. O que está previsto, como congelamento dos salários de servidores públicos por 30 anos, pode significar para nós 30 anos sem reajuste. Por isso é hora de nos juntarmos na luta. Esse é apenas o começo de uma série de ataques aos nossos direitos. Dia 6 vamos dar uma resposta contundente, de uma greve nacional forte, para mostrar que essa categoria tem resistência.
Nova assembleia
Os bancários reúnem-se hoje, 5/9, um dia antes da greve nacional da categoria, marcada para começar à 0h da terça 6/9. A assembleia começa às 19h e será na sede do Sindicato, Av. Washington Luiz, 140, às 19h. A intenção é reforçar a luta e organizar a greve na sua região, no seu local de trabalho. Compareça!
Proposta vergonhosa da Fenaban
Reajuste de 6,5% (representa perda de 2,8% para os bancários em relação à inflação de 9,57%).
Abono de R$ 3.000,00 (parcela única, não incorporado aos salários).
Piso portaria após 90 dias – R$ 1.467,17.
Piso escritório após 90 dias – R$ 2.104,55.
Piso caixa/tesouraria após 90 dias – R$ 2.842,96 (salário mais gratificação, mais outras verbas de caixa).
PLR regra básica – 90% do salário mais R$ 2.153,21, limitado a R$ 11.550,90. Se o total ficar abaixo de 5% do lucro líquido, salta para 2,2 salários, com teto de R$ 25.411,97.
PLR parcela adicional – 2,2% do lucro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 4.306,41.
Antecipação da PLR – Primeira parcela depositada até dez dias após assinatura da Convenção Coletiva. Pagamento final até 02/03/2017. Regra básica – 54% do salário mais fixo de R$ 1.291,92, limitado a R$ 6.930,54 e ao teto de 12,8% do lucro líquido – o que ocorrer primeiro. Parcela adicional equivalente a 2,2% do lucro líquido do primeiro semestre de 2016, limitado a R$ 2.153,21.
Auxílio-refeição – R$ 31,57.
Auxílio-cesta alimentação e 13ª cesta – R$ 523,48.
Auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) – R$ 420,36.
Auxílio-creche/babá (filhos até 83 meses) – R$ 359,61.
Vale-Cultura R$ 50 (mantido até 31/12/2016, quando expira o benefício).
Gratificação de compensador de cheques – R$ 163,35.
Requalificação profissional – R$ 1.437,43.
Auxílio-funeral – R$ 964,50.
Indenização por morte ou incapacidade decorrente de assalto – R$ 143.825,29.
Ajuda deslocamento noturno – R$ 100,67.
Principais reivindicações dos Bancários
Reajuste salarial: reposição da inflação (9,57%) mais 5% de aumento.
PLR: 3 salários mais R$8.317,90.
Piso: R$3.940,24 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).
Vale alimentação no valor de R$880,00 ao mês (valor do salário mínimo).
Vale refeição no valor de R$880,00 ao mês.
13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor de R$880,00 ao mês.
Melhores condições de trabalho com o fim das metas e do assédio moral que adoecem os bancários.
Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.
Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários.
Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.
Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transsexuais e pessoas com deficiência (PCDs).
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Fonte: Com informações Sindicato dos Bancários do Espírito Santo