Itaú lucrou R$ 30,518 bilhões, Bradesco mais de 14 bilhões e Santander 10 bilhões somente de janeiro a setembro de 2024. Os três juntos demitiram mais de 4.500 bancários nos últimos 12 meses
Os três maiores bancos privados que operam no país (Itaú, Bradesco e o espanhol Santander) acumulam bilhões de reais todos os anos à custa de fechamento de agências, demissões, muito assédio por metas que adoecem os funcionários.
A ganância desmedida, ou, o lucro acima da vida é a fórmula do “selvagem” sistema financeiro nacional.
Itaú lucra mais de R$ 30 bilhões
O Itaú lucrou R$ 30,518 bilhões no acumulado dos nove primeiros meses de 2024. A cifra é 16,4%maior que a registrada um ano antes. Nos últimos doze meses, o Itaú fechou 1.785 postos de trabalho e 175 agências, intensificando a carga de trabalho para aqueles que permanecem no banco. A prática de terceirização já afeta 3.500 trabalhadores no estado de São Paulo, agravando a precarização das condições de trabalho e o adoecimento dos bancários.
Demissões por justa causa se tornaram frequentes, baseadas em motivos que muitas vezes desconsideram o contexto dos trabalhadores, como nos casos de advertências aplicadas a funcionários com a prova de Certificação Profissional Anbima (CPA) marcada.
“O assédio moral, as demissões e os adoecimentos são problemas comuns entre os bancários. do Itaú. Em vez de apoio, muitos trabalhadores recebem telegramas de abandono de emprego quando adoecem. Outros, propostas de desligamento enquanto estão em tratamento por doença ocupacional. Não vamos aceitar que os funcionários adoecidos pelo banco ainda sejam assediados para assinar acordos de demissão”, ressalta Elcio Quinta, bancário do Itaú e presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
Bradesco lucra R$ 14,2 bilhões até setembro
O Bradesco, por exemplo teve um lucro recorrente no terceiro trimestre de R$5,225 bilhões, um crescimento de 13,1%. Em nove meses já são R$14,2 bi acumulados. O patrimônio líquido também cresceu: alta de 1,3% em relação ao mesmo período do ano passado. É muito dinheiro que desmente os boatos de que a segunda maior instituição privada do sistema financeiro do país “estaria em dificuldades”, o que teria explicado o endurecimento da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) na campanha salarial 2024 dos bancários.
Apesar dos lucros extraordinários, o Bradesco tem demitido um número cada vez maior de funcionários, até mesmo pelo processo de reestruturação que tem extinguido agências físicas. De 2019 a 2023, o banco fechou 1.783 agências e 703 postos de atendimento. Em 12 meses foram 2084 bancários que perderam seus empregos.
“São inúmeras as denúncias de assédio para cumprirem metas impossíveis. Colegas pedindo afastamento por depressão, ansiedade e todo tipo de doenças psicológicas. Ninguém aguenta mais”, explica Ednilson Santos, bancário do Bradesco e dirigente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
Santander bate recorde
O Santander lucrou nos noves primeiros meses deste ano, R$10 bilhões, uma alta extraordinária de 40,5%, três vezes maior do que a alcançada no lucro global do banco espanhol.
“O banco espanhol vem massacrando seus funcionários com pressão intensa por metas, assédio diário, demissões, terceirizações, fechamento de agências, acúmulo de serviços, falta de segurança e total desrespeito aos trabalhadores e o movimento sindical. Em 2025, vamos continuar nossa luta contra tudo isso”, afirma Fabiano Couto, dirigente de Santos e Região e bancário do Santander.
Mesmo faturando tanto dinheiro, o Santander fechou 706 postos de trabalho nos últimos doze meses, sendo 568 apenas no terceiro trimestre de 2024. A redução drástica acontece ao mesmo tempo em que aumenta a demanda de clientes, que somou 68,8 milhões de pessoas em setembro, com 3,4 milhões de novos clientes em relação ao ano anterior.
Baixada Santista
Desde 2019, em Santos e Região foram fechadas cerca de 56 agências e demitidos 449 bancários.