Relatório global aponta agronegócio como um dos principais vilões no desmatamento; governos de esquerda protegem mais
Relatório global que compila estudos de 30 organizações referências na questão ambiental aponta para um cenário de dificuldades no combate ao desmatamento. As maiores dificuldades nos últimos anos estão centradas no agronegócio e no garimpo ilegal. Em todo o mundo. Na América Latina, destaque negativo para a Bolívia. Com incentivos ao agro, particularmente na região de fronteira com o Brasil e próximo de Santa Cruz de la Sierra, o país viu o desmatamento crescer 351% entre 2015 e 2023. No Brasil, o ambiente é de reconstrução após os piores resultados do planeta durante o governo Jair Bolsonaro (PL).
O Brasil vem avançando no combate ao desmatamento desde 2023, com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Contudo, antes dele, durante o governo Bolsonaro, o país representou o maior problema ambiental do mundo. Apenas em 2022, sob Bolsonaro, o desmatamento chegou a 2,34 milhões de hectares. Isso significa um desvio de 51% nas metas globais de desmatamento para 2030.
Agora, as expectativas para que o governo Lula reverta o cenário são grandes. Em 2023, o petista conseguiu reduzir em 48%, frente a um aumento de 60% nos anos Bolsonaro. Outro país de destaque positivo, ao lado das ações do governo Lula, é a Colômbia. O governo de esquerda de Gustavo Petros vem traçando acordos com países amazônicos e atuando de forma eficiente no combate ao desmatamento. O país reduziu em 57% a perda de floresta primária em 2023.
Desmatamento alvo
O desmatamento alvo para alcançar as metas para 2030 – ano em que espera-se erradicar a devastação – não foi alcançado em nenhum continente. Na verdade, superou em 21% em 2022. Foram 6,6 milhões de hectares perdidos naquele ano. A comparação com 2021 traz um dado ainda mais alarmante. O desmatamento aumentou 4%. Ou seja, além de distante da meta, o caminho está cada vez mais difícil.
Em 2023, a área devastada foi de 6,37 milhões de hectares, longe da meta de 4,4 milhões traçada pela comunidade internacional durante a COP 26 de Glasgow, na Escócia. “As ações coletivas da humanidade para reduzir o desmatamento não resultaram em resultados suficientes (…) O mundo está fora dos trilhos”, afirmam os cientistas.
No geral, a região do mundo que enfrenta mais dificuldades é a América Latina. É a região que mais desmata biomas tropicais e segue vendo aumento na devastação em alguns países, como na Bolívia e partes do Brasil. Já em regiões não tropicais, a Europa ainda lidera por breve margem. Contudo, o continente europeu apresenta tendência de redução no desmatamento, ao contrário da América Latina. Outro país com altos índices de devastação é a Indonésia, por conta de uma explosão de mineração ilegal de níquel no país.