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Bancários reivindicam mais direitos aos PCDs e segurança nas agências bancárias

19 de julho de 2024

A inclusão, com garantia de ascensão, às pessoas com deficiência (PCDs) no setor bancário foi o tema que abriu a mesa de negociações sobre “Saúde e Condições de Trabalho”, realizada dia18/07, entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), no âmbito da campanha nacional da categoria para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

Segundo levantamento do Dieese, considerando todos os cargos da categoria bancária, os PCDs representam apenas 4%. Nos cargos de liderança, esse percentual é ainda menor: apenas 2%.

“Nossa reivindicação é pela garantia não apenas do acesso ao emprego no setor, mas de ascensão, com o combate ao capacitismo (preconceito contra as pessoas com deficiência) para que esse grupo tenha igualdade de oportunidade nos processos de ascensão de carreira. E isso inclui a garantia de suportes específicos, conforme a condição da pessoa com deficiência, para que ela consiga desempenhar suas atividades”, destacou o secretário-geral Contraf, Gustavo Tabatinga.

A funcionária do Banco do Brasil, secretária da Juventude da Contraf e também mãe de uma adolescente PCD, Bianca Garbelini, ressaltou a reivindicação para que mães e pais de pessoas com deficiência tenham a redução de jornada para acompanhamento médico e educacional dos filhos. “Podemos pensar ainda na priorização para o teletrabalho, não só para os pais e mães de PCDs, mas também aos bancários e bancárias com deficiência”, complementou.

Outra reivindicação da categoria apresentada na mesa é o abono de faltas aos trabalhadores com deficiência, considerando que, muitas vezes, precisam se ausentar do trabalho para ajustes técnicos de equipamentos e próteses ou realização de terapias específicas, conforme a condição da deficiência.

Neurodivergentes

Os trabalhadores também destacaram a questão dos neurodivergentes, pessoas com diferenças neurológicas variáveis e que podem ou não ser deficientes. “Sou uma pessoa neurodivergente, TDAH, que não é uma deficiência. O que observamos é que um funcionário neurodivergente, não pode ter medo de ser quem ele é. Tem que ter segurança e abertura para conversar com o gestor sobre as adaptações que necessita, sem medo de sofrer retaliação”, observou Bianca Garbelini.

Ainda na questão da neurodivergência, foi ressaltado um cuidado especial às pessoas do espectro autista, que são consideradas com deficiência. Além da inclusão de cláusulas sobre a contratação de trabalhadores com deficiência e redução da jornada para acompanhamento médico e educacional de pais com filhos PCDs, sem redução salarial, os trabalhadores reivindicam na Convenção

Coletiva de Trabalho:

– Adequação do ambiente de trabalho segundo a natureza e grau de deficiência do empregado;
– A vedação de transferência de PCDs, salvo por pedido do trabalhador;
– A constituição de uma comissão bipartite (indicados pela Contraf e Fenaban) para deliberar sobre a contratação de trabalhadores com deficiência e sobre políticas de inclusão;
– Inclusão e capacitação de pessoas com deficiência;
– Financiamento de veículos para empregado com deficiência;
– Estacionamento exclusivo para empregados com deficiência;
– Abono de faltas aos trabalhadores com deficiência; e
– Aumento de auxílio para pais com filhos com deficiência.

Os representantes da Fenaban reconheceram que ainda há muita desinformação sobre o tema, em especial na questão dos neurodivergentes, e disseram que vão levar as demandas da categoria aos bancos, para construir respostas às reivindicações.

Devolutiva da mesa Igualdade de Oportunidades

A pedido dos trabalhadores, os representantes dos bancos trouxeram os números dos canais de apoio e acolhimento às mulheres vítimas de violência doméstica, conquista da categoria na CCT.

De abril de 2020 a julho de 2024, foram atendidas 607 mulheres em 12 canais estabelecidos pelos bancos, que resultaram em 2.094 sessões. Desse total, foram realizadas 47 realocações de local de trabalho, a pedido das próprias bancárias. A realocação de trabalhadoras em situação de violência também é resultado de convenção coletiva.

Também, como fruto dos canais, ocorreram 3 concessões de crédito especial e 4 flexibilizações de jornada de trabalho às mulheres em situação de violência, a pedido das próprias funcionárias.

Segurança

Os trabalhadores apresentaram dados de uma consulta, encomendada ao Dieese, com bancários de unidades de negócios e postos de autoatendimentos, de todas as regiões do país. Ao serem perguntados se, nos últimos 24 meses, sofreram algum tipo de agressão, partindo de clientes ou usuários, 69% responderam que sim.

“Nos deparamos com denúncias de funcionários, na base dos sindicatos, de grande sensação de medo nos locais de trabalho, ainda que em locais onde não há manipulação de numerários (dinheiro em espécie). E muitos que sofreram agressões físicas ou verbais de clientes não repassam essa questão aos seus superiores com medo de perderem o emprego”, destacou Gustavo Tabatinga.

Quando perguntados qual foi a primeira pessoa que o funcionário procurou, no momento da agressão, a resposta da maioria (38,7%) foi o vigilante. “Isso mostra a importância de manter esses profissionais da segurança nos bancos”, frisou Tabatinga.

Além da segurança bancária no ambiente físico, os trabalhadores reivindicaram a segurança bancária no ambiente digital.


Os trabalhadores reforçaram que o tema dialoga diretamente com a saúde, uma vez que a elevada sensação de insegurança e medo tem impactos na saúde mental das bancárias e bancários


Os representantes dos bancos justificaram que as portas giratórias causam “constrangimentos” aos que possuem alguma dificuldade de mobilidade. Também afirmaram que as mudanças estruturais do setor reduzem a necessidade de vigilantes e portas giratórias.

Os sindicalistas mostraram números que afirmam  que a violência digital está aumentando, e os bancos precisam trazer uma resposta sobre o tema.

“A sensação de insegurança entre trabalhadores, com a redução de vigilantes e retirada de portas de segurança, que mostramos na nossa consulta, não intimida os bancos que, infelizmente, não quiseram apresentar nenhuma proposta”, complementou Tabatinga.

Calendário

Julho
25/07 – Saúde e condições de trabalho: combate aos programas de metas abusivas

Agosto
6 e 13/08 – Cláusulas econômicas
20/08 – Em definição
27/08 – Em definição

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