A greve nacional vai para seu 14º dia nesta segunda-feira, 19/10, “e os banqueiros continuam em silêncio apostando no cansaço dos bancários e da população sentados nos seus gabinetes refrigerados cercados de mordomias”, diz Ricardo Saraiva Big, presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região. Nenhum sinal de negociação de um reajuste que reponha a inflação de 9,88%, muito menos um índice para repor perdas salariais dos últimos anos impostas aos funcionários dos bancos públicos, foi dado pelos bancos.
A proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) de 5,5% é bem inferior ao índice de inflação de 9,88% medido pelo INPC, de 01 de setembro/2014 a 30 de agosto/ 2015 (período medido para a data-base). “Porém, os bancos cobram os maiores juros em 20 anos, segundo o Procon. Os juros do cheque especial chegaram a 12,28% no mês em outubro – a maior marca desde setembro de 1995 – quando a taxa era 12,58%”, lembar Eneida Koury, Secretária Geral do sindicato.
Setores com lucros menores pagaram acima da inflação
Outros setores da economia, com lucros muito menores e sem comparação aos dos bancos – e em alguns casos apresentaram prejuízos –, pagaram aumento acima da inflação aos seus trabalhadores, como mostra balanço das campanhas salariais do primeiro semestre, realizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística de Estudos Socioeconômicos).
O Comércio, por exemplo, que registrou quedas no faturamento e nas vendas no primeiro semestre do ano, fechou 76% de seus acordos com reajuste acima da inflação para os funcionários. No setor de Serviços, que também sofreu perdas, os ganhos acima da inflação foram observados em 74% dos acordos. E a Indústria, outra área com recuos no desempenho, fechou 61% das campanhas com reajustes acima da inflação nos primeiros seis meses do ano.
Na indústria um caso é dos metalúrgicos, que estão em campanha e têm a mesma data base dos bancários: 1º de setembro. Apesar de sofrerem diretamente os efeitos da queda na venda de automóveis e caminhões, dezenas de empresas do ABC paulista ofereceram aos seus empregados a garantia do índice que recompõe pelo menos a inflação do período, de 9,88%.
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O setor químico de São Paulo, também propôs aos seus empregados a correção dos salários pelo percentual equivalente à variação integral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do período de novembro de 2014 a outubro de 2015, que deverá girar em torno de 10%. A data-base da categoria é 1º de novembro.
O Dieese considerou 302 unidades de negociação, privadas e estatais. Desse total, 69% resultaram em reajustes acima da inflação, 17% foram iguais à inflação do período e somente 15% foram abaixo.
Mais de R$ 36 bilhões de lucros liquídos!
Os banqueiros possuem condições para atender as reivindicações. Porque exploram a população cobrando 403,5% ao ano no cartão de crédito, 253,2% ao ano no cheque especial, tarifas exorbitantes a custa da miséria do trabalhador. Os cinco maiores bancos que atuam no Brasil lucraram R$ 36,3 bilhões no primeiro semestre, conforme dados do Dieese.
Principais reivindicações da Campanha Salarial 2015
A categoria reivindica reajuste salarial de 16% (reposição da inflação mais 5,7% de reposição salarial), PLR, piso e vales maiores, fim das metas e do assédio moral, mais segurança, 14º salário entre outros itens. No entanto, o setor que mais lucra no país ofereceu 5,5% e abono único de R$ 2.500, o que representa perda de mais de 4% diante da inflação de 9,88%.
Fonte: Imprensa Seeb Santos e Região
Escrito por: Gustavo Mesquita