O sistema financeiro nacional gerou 2.876 novos empregos entre janeiro e setembro de 2012, o que representa uma queda de 84,2% em comparação com o mesmo período do ano passado. Contratar tantos bancários a menos do que num ano que tampouco teve contratações massivas como foi 2011, mostra que os bancos estão aumentando enormemente suas estruturas, números de agências e volume de crédito, mas mantendo praticamente inalterado o número de seus funcionários. Isso tem explicação: a terceirização e o acúmulo de trabalho estão colocando na mão de trabalhadores precarizados de lotéricas (CEF), dos Correios (Banco Postal – BB) e escritórios de correspondentes bancários e imobiliários picaretas uma parte essencial do serviço bancário.
Bancários são sobrecarregados com metas cada vez maiores, sem terem novas contratações. E a terceirização complementa este processo, barateando a mão de obra, que deixa de ser bancária e, embora faça o mesmo trabalho, é colocada sob a tutela de empresários que não garantem locais de trabalho com nenhuma segurança, pagam salários baixíssimos e não respeitam nem de longe a jornada de trabalho que deveria ser de 30h semanais.
Mas nos bancos privados, a situação de desastre vivida nos públicos é ainda mais grave! Nas instituições privadas, houve fechamento de 7.286 postos de trabalho nos primeiros nove meses do ano, não contabilizadas aí os 1280 demitidos pelo Santander em dezembro. Somando-se estes números e mais demissões que se mantiveram no Itaú, HSBC e Bradesco, temos quase 9000 bancários a menos nos setor privado, num ano em que os negócios financeiros em todas estas instituições seguiram crescendo!
A rotatividade de mão-de-obra continua sendo utilizada pelos bancos para reduzir os salários. Nos primeiros três trimestres de 2012, o salário médio dos trabalhadores contratados foi 38,65% inferior ao dos desligados. E as mulheres continuam ganhando menos que os homens nas instituições financeiras. Entre janeiro e setembro, os bancos desligaram 32.073 trabalhadores e contrataram 34.949, o que resulta na criação das 2.876 vagas. No mesmo período do ano passado, no entanto, o saldo positivo de empregos nos bancos foi de 18.167 postos. Foi uma queda brusca de 84,2%. Com muito mais serviço por fazer e com salários muito mais baixos daqueles que foram contratados no lugar dos funcionários demitidos.
A remuneração média dos trabalhadores admitidos foi de R$ 2.693,79 e a dos desligados de R$ 4.390,87 nos primeiros três trimestres – uma diferença de 38,65%. Na economia brasileira como um todo, a diferença entre a média salarial dos contratados é 7% inferior à média salarial dos demitidos. Isso mostra que os patrões têm usado a rotatividade para reduzir direitos e salários, mas que nenhum setor chega próximo do absurdo existente nos bancos!
Os trabalhadores precisam reagir a esta agressão violenta e exigir a imediata estatização de todos os bancos privados, que agem como verdadeiros sanguessugas, sendo que demitem no mesmo momento que os maiores bancos do Brasil tiveram um lucro líquido de R$ 36 bilhões nos primeiros nove meses do ano!
Defendemos a constituição de um sistema financeiro controlado pelos trabalhadores, inteiramente estatal. Lutamos também pelo fim de todas as terceirizações existentes nos bancos, uma forma de privatização “branca” existente nos bancos públicos. É necessário colocar os bancos, através de um sistema financeiro completamente estatal e controlado pelos trabalhadores, a serviço do desenvolvimento do país e da transformação social, investindo em obras públicas, financiando infraestrutura e garantindo crédito e serviços baratos e de acordo com os interesses dos trabalhadores.
Fonte: frentedeoposicaobancaria.org