Dirigentes alertam que esta não é uma greve apenas ecônomica, mas também pela dignidade de trabalhadores e clientes
Desde a manhã do dia 18, bancários de todo o Brasil cruzaram os braços por tempo indeterminado e, como esperado, está havendo uma massiva aceitação entre os trabalhadores. “No Espírito Santo tivemos uma adesão muito grande da categoria, tanto na grande Vitória, quanto no interior”, afirma Carlão, coordenador geral do Sindicato dos bancários do Espírito Santo. Em São Paulo, onde a greve se iniciou com a participação das agências de todo o Centro da capital, Mané Gabeira, diretor do Sindicato dos Bancários e militante do Coletivo Bancários na Luta / INTERSINDICAL, informa que “todas as agências aqui estão paralisadas, inclusive o Centro Administrativo da Praça do Patriarca.”
Carlão explica que o motivo para a massificação geral está na alta insatisfação dos bancários. “Nossa greve não é somente pelas questões econômicas, mas também pelas condições de trabalho que estão péssimas em todos os bancos”. Segundo ele, sejam públicos ou privados, há poucos bancários para atender a população e, consequentemente, esta situação está desencadeando um stress muito grande na saúde mental dos trabalhadores. “Entre outras coisas, nós queremos que os bancos contratem mais trabalhadores”, diz.
Gabeira ressalta que nesse momento o caminho é o diálogo com a população: “nós estamos conversando com as pessoas, inclusive com os próprios bancários. Estamos explicando sobre os 45 dias que passamos em negociação com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), além da proposta de 6% oferecida por eles, que é muito baixa, pois mal repõe a inflação”.
A decisão de paralisação geral foi determinada em assembleia geral nesta última quarta-feira (12) e inclui demandas bastante delicadas, já que, como os próprios bancários estão pontuando, não se trata de apenas uma greve por campanha salarial, mas também pela necessidade premente de “retomar a dignidade do trabalhador bancário que está sendo perdida neste momento”, como alerta Gabeira.
No âmbito econômico, os bancários reivindicam reajuste de 10,25%, já calculado percentual superior à inflação, além de PLR de três salários, mais R$ 4.961,25 fixos. Mas também exigem o fim das metas, consideradas abusivas. São crescentes as reclamações sobre o sistema a que elas são dispostas, como, por exemplo, elevação a valores quase impossíveis de serem alcançados e pressões, geradas justamente por conta do fator “ter de bater a meta”, resultando muitas vezes em assedio moral por parte de quem está em um cargo de nível superior.
Fonte: Intersindical