Trabalhadores com câncer estão entre os demitidos
O maior banco privado do Brasil, Itaú, divulgou no último dia 24 de julho seu balanço semestral. Lá consta o lucro de R$ 7,2 bi, no entanto, a análise do banco é omisso acerca das 9 mil demissões de trabalhadores(as) que ocorreram no período de junho/2011 a junho/2012. Big, presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e coordenador da INTERSINDICAL, afirma que “os lucros apresentados pelo Itaú não são obtidos em um lugar do mundo” e frisa que “o Itaú continua demitindo, apesar de o Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles terem declarado, em 2008, que após a fusão não haveria demissão”.
Foram demitidas até pessoas com câncer que, por estarem sem salário, provavelmente encontraram dificuldades para arcarem – unido a contribuição individual e a do banco – com a continuidade do convênio médico. Como se não bastasse, o médico do banco, mesmo alertados pelos trabalhadores, omitia nos atestados a informação sobre o diagnóstico que confirmava o câncer.
Carlão do ES, coordenador geral do sindicato dos bancários do Espírito Santo, diz que é a exploração dos trabalhadores bancários e dos clientes a fonte de lucro da instituição financeira. Segundo ele, no caso das demissões, serve como estratégia para intimidar novos funcionários. “Nas demissões são desligados os trabalhadores que têm um tempo médio de casa, a chamada ‘rotatividade’, para dividir os bancários que estão começando com um salário base”, afirma. E continua, “temos que cobrar das autoridades, sobretudo do Governo Federal a questão de aplicar a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)”.
“Barbárie e desumanidade são palavras leves para se descrever o que o Itaú fez do ano passado até aqui para com o seu funcionalismo. Que essa situação sirva de indignação e que sirva para mobilizar o funcionalismo do Itaú a se engajar na campanha salarial que ora se inicia”, afirma Mané Gabeira, diretor do sindicato e militante do Coletivo Bancários na Luta / INTERSINDICAL.
Contudo, tal resultado robusto – de R$ 7,2 bi – poderia ter sido maior caso o banco não tivesse aumentado em 26,7% as despesas para a provisão de créditos de liquidação duvidosa. Há que se lembrar que tal provisão é uma estimativa, uma especulação e até um disparate pois ela é 38 vezes maior do que o aumento da inadimplência no período (0,7%). Fazendo tal “maquiagem” no balanço, o Itaú quer demonstrar que teve um lucro menor que o esperado.
Fonte: Intersindical