A venda da financeira Losango, que pertence ao HSBC, está emperrada e com grandes chances de não acontecer. O jornal Valor Econômico ouviu de duas pessoas que acompanham o processo que são pequenas as chances de a venda sair, embora não tenha sido completamente descartada ainda.
A razão, como na maioria das aquisições que fracassam, é uma falta de acordo em relação ao preço do negócio. Segundo um executivo que avaliou a Losango, o HSBC estaria pedindo valor alto demais porque pagou um preço também salgado oito anos atrás quando adquiriu a financeira das mãos do Lloyds Bank.
O desembolso foi de US$ 815 milhões. Segundo o raciocínio do executivo, se vender por um valor inferior ao pago, o HSBC terá que registrar uma perda e esse seria um efeito indesejado.
Outro executivo diz que o problema de fato é preço e explica que não se está conseguindo chegar a um contrato que contente os compradores em relação à cobertura de perdas decorrentes de operações de crédito feitas ainda na gestão HSBC. “Está difícil”, disse.
Consultada, a assessoria de imprensa do HSBC disse que “a Losango não está a venda. Faz parte da estratégia do banco de pessoa jurídica de relacionamento com lojistas e grandes varejistas.”
Os principais bancos de varejo do país analisaram o negócio, entre eles, Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil. Roberto Setubal, do Itaú, já afirmou que não está olhando o negócio. Na semana passada, Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco, disse que não havia nada firme, mas não descartou.
Em outubro de 2003, a compra da Losango foi saudada como um grande passo do banco inglês para expandir suas operações no país. Afinal, era uma aquisição de peso depois de seis anos da chegada do HSBC ao mercado brasileiro, com a compra do Bamerindus.
A transação foi fechada por Michael Geoghegan pouco antes de deixar a presidência da subsidiária brasileira. Depois da Losango, nunca mais o HSBC conseguiu fazer consolidações no mercado local, frustrando expectativas.
Oito anos depois, o que era um trunfo transformou-se em uma operação indesejada pelo banco. A Losango entrou na lista de uma série de ativos que o novo presidente mundial do HSBC, Stuart Gulliver – que substituiu o próprio Geoghegan no cargo – resolveu vender para ajustar o foco e melhorar os resultados.
Aqui no Brasil, o HSBC também desativou sua operação de financiamento de veículos. Quase toda a equipe foi contratada pelo PanAmericano.
HSBC anuncia que vai vender unidade de private banking no Japão
O HSBC informou nesta quarta-feira (21) que está saindo do setor de private banking no Japão, na mais recente de uma série de ações de grandes bancos globais para concentrar suas operações, enquanto tentam lidar com a volatilidade nos mercados e pressões regulatórias. A unidade vai ser vendida para o Crédit Suisse, segundo comunicado divulgado pelo HSBC.
O banco britânico não informou o valor da transação, mas disse que o valor dos ativos brutos incluídos na venda era de cerca de US$ 2,7 bilhões no fim de outubro. A unidade tem foco em indivíduos de alta renda, com mais de 200 milhões de ienes em ativos.
Um porta-voz do Crédit Suisse disse que o número de funcionários na sua unidade de private banking é de cerca de 80 e, “por meio da aquisição, vai quase dobrar”. A venda deve ser concluída em meados de 2012 e está sujeita a aprovação das autoridades regulatórias.
O HSBC negou relatos de que está planejando vender sua pequena rede de varejo no Japão, voltada para pessoas com mais de 10 milhões de ienes em ativos. Mas analistas dizem que a divisão de private banking é um elemento essencial para bancos estrangeiros que operam no Japão, já que eles não têm condições de competir com as grandes instituições de crédito japonesas apenas com a atuação no setor de varejo.
O banco britânico está atualmente sob uma grande reformulação das suas operações globais, sob a gestão do executivo-chefe Stuart Gulliver, que inclui a saída do setor de varejo em alguns países.
Em junho, o HSBC anunciou que 40% da suas unidades de varejo não estavam cumprindo metas financeiras e que fechará nos próximos anos “várias” de suas operações nos quase 60 países onde atua.
Fonte:
Valor Econômico e Agência Estado