Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta na mesa e negociação segue na segunda-feira, 22 de agosto
A Fenaban, que representa um dos setores mais lucrativos e rentáveis da economia brasileira, apresentou uma proposta indecente na mesa de negociação desta sexta-feira 19: reajuste de apenas 65% da inflação (INPC) para todas as reivindicações econômicas, incluindo salários, vales refeição e alimentação e PLR.
A expectativa de INPC em 31 de agosto é de 8,95%, portanto, o índice de reajuste proposto pela Fenaban seria algo em torno de apenas 5,82%, com perda real para os trabalhadores de 2,9%. O Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta na mesa e a negociação continua na segunda-feira, 22.
“Os banqueiros têm plenas condições de atender a pauta da categoria! Só no primeiro semestre deste ano, os lucros dos 5 maiores bancos somaram R$ 56 bilhões. Resultado conseguido à custa dos bancários e bancárias que estão cada vez mais sobrecarregados. As cláusulas econômicas são importantíssimas neste momento em que a população sofre com inflação alta e preços de itens básicos que não param de subir. A categoria está mobilizada e queremos proposta decente!”, afirma Élcio Quinta, presidente do Sindicato dos Bancários de Santos e Região.
Na consulta à categoria bancária, 92% destacam o reajuste acima da inflação como prioridade, 61% o reajuste diferenciado no VA e VR e 58% destacaram aumento na Particpação nos Lucros e Resultados (PLR).
Bancos exploram trabalhadores, mas valorizam executivos
Os resultados excepcionais dos bancos só são usufruídos pelos altos cargos: a remuneração per capita anual da Diretoria Executiva dos maiores bancos tem previsão de atingir R$ 8,9 milhões por diretor(a) em 2022, com crescimento de 11,1% em relação a 2021, e 132 vezes maior do que a remuneração anual da função de escriturário, incluindo salário, 13º, férias, tickets e PLR.
De 2003 a 2019, o lucro líquido real dos bancos subiu 222%, mas a remuneração média real dos bancários subiu apenas 12% no mesmo período.
PLR é fatia cada vez menor do lucro
Desde 1997, a PLR do cargo de caixa teve reajuste acima da inflação de 126%, enquanto que o crescimento real do lucro dos bancos, no mesmo período, foi de 359%, ou seja, 2,85 vezes mais do que o valor da PLR.
A fatia do lucro distribuída aos trabalhadores foi caindo ao longo dos anos, apesar de novas conquistas como os reajustes nos valores, mudanças nos parâmetros e introdução da parcela adicional.
Em 1995, quando a PLR foi clausulada na CCT dos bancários, os grandes bancos distribuíam cerca de 14% dos seus lucros, mas em 2021, os três maiores bancos privados distribuíram em média 6,6% de seus lucros, sendo que a distribuição da regra básica está próxima de 5% e da parcela adicional próxima de 1,6%, portanto muito abaixo dos 2,2% previstos na CCT.
Poder de compra do VA e VR caiu
Diante da inflação galopante no governo Bolsonaro, o poder de compra dos vales alimentação e refeição dos bancários caiu muito.
Alimentação no domicílio teve alta de 16,73% em doze meses, com alguns produtos básicos subindo intensamente, como cenoura (86%), tomate (66%), café (62%), leite (37%) e feijão (30%).
A cesta básica calculada pelo Dieese para a cidade de São Paulo está em R$ 760,45, em julho, e está 4,6% acima do valor do auxílio alimentação da categoria (R$ 726,71). A cesta básica teve variação de 18,73% em um ano, 50% desde o início da pandemia e 73% desde início do governo Bolsonaro.
A Inflação de alimentos fora do domicílio teve variação de 6,82%. Segundo pesquisa ABBT (Associação Brasileira de Empresas de Benefícios ao Trabalhador), o valor médio da refeição fora de casa no Brasil é de R$ 40,64 e na região Sudeste – onde está 60% da categoria bancária – o valor médio é de R$ 42,83, acima do vale refeição da categoria, que está em R$ 41,92.
Fonte: SEEB SP com edição da Comunicação SEEB de Santos e Região