Para ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, troca de comando da Petrobras pela 4ª vez em 3 anos e 5 meses de governo é cortina de fumaça para tentar facilitar venda. FUP diz que troca é eleitoreira
Após apenas 40 dias como presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho foi trocado por Caio Mário Paes de Andrade, que deve assumir o cargo com as benções do ministro da Economia, Paulo Guedes, cuja obsessão é vender a estatal, quando o Conselho de Administração aprovar seu nome.
A mudança veio após pressão do presidente Jair Bolsonaro (PL) para estatal segurar os preços dos combustíveis. Mais uma vez o presidente mente aos brasileiros dizendo estar” indignado” com os aumentos nos preços dos combustíveis, especialmente o diesel, produto mais utilizado pelos caminhoneiros, categoria que o apoia. Se realmente quisesse conter a disparada dos preços, o presidente trabalharia para alterar a política de Preço de Paridade de Importação (PPI) da Petrobras, implantada por Michel Temer (MDB) e mantida por ele. O PPI atrela os preços a alta do petróleo e a cotação do dólar.
Querendo mais uma vez jogar a culpa em qualquer pessoa, como nos governadores por causa do índice do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) cobrado pelos estados, que aliás é mantido há anos e, portanto, não é responsável pelos constantes reajustes de preços; e na atual direção da estatal que segue o PPI, ele joga para a plateia e diz que os constantes reajustes são culpa da própria Petrobras e do Ministério das Minas e Energia (MME), como se ele não fosse o chefe da empresa e do ministério.
Caio Mário Paes de Andrade é o quarto presidente em 3 anos e cinco meses de desgoverno Bolsonaro, o que demonstra o seu desespero em tomar medidas eleitoreiras que não resolvem o problema dos altos preços dos combustíveis, acredita o sindicalista e petroleiro Roni Barbosa.
“A troca do presidente em apenas de 40 dias é danosa, é desastrosa para uma empresa. É mais um movimento, a que tudo indica de Guedes, para destruir a Petrobras. Ele quer acelerar esse processo, de dilapidação do patrimônio nos últimos meses de governo que lhes restam”, diz Roni.
A avaliação do dirigente é corroborada pelo ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que diz que a troca é uma cortina de fumaça eleitoreira, que acaba provocando uma crise ao desvalorizar a empresa.
“Mudar a presidência a todo momento abre uma crise e a empresa fica sem rumo quando o acionista majoritário [o governo] não tem uma bússola que guie sua direção, desvalorizando a Petrobras”, afirma Gabrielli, que atua hoje como pesquisador do Instituto de Estudo Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep).
Na realidade Bolsonaro não quer mudar a política de preços de paridade internacional da Petrobras, que cobra em dólar um produto produzido aqui. Desvalorizar a empresa é bom para quem vai comprar. O valor de suas ações cai, tornando mais fácil a sua privatização- José Carlos Gabrielli.
O ex-presidente da Petrobras, complementa afirmando que embora Bolsonaro aposte num segundo mandato presidencial, não há tempo para privatizar a estatal ainda este ano, pois a autorização precisa passar pelo Congresso Nacional e não seria uma ‘coisa simples’.
Para o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar “o fato é que Bolsonaro não muda ou abandona a política de preço de paridade de importação, o PPI, porque não quer. O PPI não é lei; é decisão do Executivo. A questão central é que o governo não quer briga com o mercado, com os acionistas privados, que, com o atual modelo, têm a garantia de dividendos espetaculares. O foco da gestão da Petrobrás, no atual governo, é geração de caixa, resultante da venda dos combustíveis a valores de PPI, altos lucros e dividendos para acionistas, numa política de transferência de riqueza dos mais pobres para os mais ricos, um verdadeiro Robin Hood às avessas”, declarou em entrevista a Veja.
Crédito: Agência Brasil
Fonte: Redação CUT
Escrito por: Rosely Rocha | Editado por: Marize Muniz