76,6% das famílias declararam ter dívidas a vencer em fevereiro e, nas famílias com rendimentos até 10 salários mínimos, 30,3% ficaram inadimplentes, a maior proporção histórica
Com orçamentos pressionados pela alta da inflação e das taxas de juros, desemprego, trabalho informal e salários baixos, o percentual de famílias brasileiras com dívidas e/ou contas atrasadas em fevereiro deste ano foi o maior desde março de 2010, de acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada nesta quinta-feira (3).
De acordo com a pesquisa, três a cada dez famílias brasileiras (27%) estão com as contas em atraso.
76,6% das famílias relataram ter dívidas a vencer em fevereiro (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa).
10,5% das famílias declararam que permanecerão inadimplentes – aumento de 0,4 p.p.
Nas famílias com ganhos até 10 salários mínimos, o percentual de endividados aumentou 0,4 p.p., chegando a 77,8%.
Nas famílias com renda acima de 10 salários mínimos, a proporção de endividados alcançou maior patamar histórico, 72,2%.
86,5% do total de famílias têm dívidas com o cartão de crédito.
“O panorama mostra que, na margem, o custo do crédito mais elevado e o próprio endividamento alto entre as pessoas que vivem no mesmo domicílio dificultam a contratação de novas dívidas e o pagamento dos compromissos na data de seus vencimentos,” disse o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
A escalada dos juros, que encarece o crédito, dificulta a renegociação das dívidas, afirmou.
Os dados do Banco Central (Bacen) mostram que as taxas de juros médias nas linhas de crédito com recursos livres às pessoas físicas aumentaram de 39,4%, em janeiro de 2021, para 46,3%, em janeiro de 2022. Em contrapartida, as concessões de crédito com recursos livres para pessoas físicas aumentaram 13,1% em termos reais na comparação interanual, mas caíram 2,7% em janeiro ante dezembro, na média diária.
Fonte: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz