No período de um ano, combustíveis acumulam alta de quase 80%, causada pela política de preços da Petrobras, que privilegia especuladores e acionistas. Gasolina vai subir 4,85% e o Diesel 8,08% nas distribuidoras
A Petrobras anunciou nesta terça-feira (11) novos reajustes nos preços dos combustíveis, que passam a valer a partir de amanhã. O preço médio da gasolina nas distribuidoras passa de R$ 3,09 para R$ 3,24 por litro, alta de 4,85%. Já o diesel sobe de R$ 3,34 para R$ 3,61, aumento de 8,08%. Em um ano, desde janeiro de 2021, gasolina e diesel acumulam altas de 77,04% e 78,71%, respectivamente.
Como vem ocorrendo desde outubro de 2016, esses aumentos são consequência da política de Preço de Paridade Internacional (PPI). Desde então, os preços dos combustíveis são reajustados de acordo com a variação do petróleo no mercado internacional, cotado em dólar.
Nesse sentido, o aumento dos combustíveis foi um dos principais vetores da elevação geral dos preços no ano passado. De acordo com Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado também hoje pelo IBGE, a inflação fechou o ano de 2021 com alta de 10,06%. O grupo Transportes apresentou a maior variação (21,03%) e o maior impacto (4,19 pontos percentuais) no índice acumulado do ano.
Para os consumidores, a gasolina subiu 47,49% em 2021, conforme o IPCA. Além disso, o gás de cozinha e gás natural veicular (GNV), que também têm os preços definidos pela Petrobras, tiveram altas de 33% e 36%, respectivamente, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Ganhos aos acionistas
O PPI atende aos interesses dos investidores da Petrobras, que reagiram positivamente aos novos preços. Após o anúncio, as ações da estatal subiram cerca de 1% ao longo do dia. Em nota, a empresa justificou os aumentos como forma de “garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento”.
Contudo, para o restante da sociedade, os impactos têm sido dramáticos. Como no Brasil a grande maioria dos produtos é transportada por caminhões, a alta dos combustíveis tem reflexos por toda a economia. Dos alimentos ao comércio de eletrônicos, todos os produtos acabam ficando mais caros.
Além disso, trabalhadores do setor de transporte, como caminhoneiros e motoristas de aplicativos, também sofrem com os reajustes. E com o gás de cozinha também atrelado ao PPI, especialmente as famílias mais pobres também sentem as consequências dessa política voltada aos interesses exclusivamente dos investidores.
Explicação na tela
Para esclarecer as consequências do aumento dos combustíveis, os petroleiros lançaram no fim do mês passado o documentário A Mentira Como Combustível. A obra esmiúça a política de preços da Petrobras e desconstrói as mentiras do governo Bolsonaro para justificar a facada nos consumidores. Também desenha a relação entre o empobrecimento do trabalhador e a explosão dos preços.
Por exemplo, ao abastecer o carro com 35 litros de gasolina, o motorista brasileiro compromete 25% do salário-mínimo. Por outro lado, em países como Estados Unidos, Itália e Argentina esse percentual fica entre 3% e 6,2. O filme é uma iniciativa da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e da Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro).
Alternativa
Para conter os reajustes abusivos, avança no Congresso Nacional uma proposta que cria um programa de estabilização de preços dos combustíveis no Brasil. O Projeto de Lei 1.472/2021, de autoria do senador Rogério Carvalho (PT-SE), foi aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) em dezembro. Para passar ao plenário, no entanto, precisará contar com o aval do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Entre outras medidas, o projeto prevê a criação de um fundo para conter a volatilidade dos preços dos combustíveis. Uma das sugestões é a criação de um imposto sobre a exportação de petróleo cru para abastecer esse fundo. Isso porque o Brasil virou um importante exportador de óleo bruto, a partir da exploração dos campos do pré-sal.
Crédito: Marcelo CAmargo/Agência Brasil
Fonte: Rede Brasil Atual
Escrito por: Tiago Pereira