Ato no Centro de Santos se somou às manifestações pelo Brasil contra as políticas de extermínio que atingem majoritariamente populações periféricas
“Ninguém ouviu um soluçar de dor no canto do Brasil”. A música ‘Canto das três raças’, famosa na voz de Clara Nunes, foi uma das formas de protesto, em Santos, durante o ato ‘Chega de Genocídio – “Jacarezinho é no Brasil Inteiro”’, na tarde desta quinta-feira, 13 de maio. A manifestação nacional, realizada uma semana após a chacina de Jacarezinho, reuniu dezenas de pessoas do movimento negro, sindicatos, partidos, e movimentos sociais em frente ao Palácio da Justiça (Fórum de Santos), que fica na Praça José Bonifácio, Centro da Cidade. A Intersindical – Central da Classe Trabalhadora, representada pelo Sindicato dos Bancários de Santos e Região, somou forças pelo basta de genocídios.
Na madrugada do último dia 6 de maio, uma operação policial no bairro do Jacarezinho, Zona Norte do Rio de Janeiro, resultou em chacina com 28 pessoas mortas, sendo uma delas policial militar. Pessoas foram baleadas e mortas nas ruas e casas do bairro e até passageiros no metrô foram atingidos. Relato de um representante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio aponta sinais claros de execuções em vários pontos do bairro, além das residências arrombadas e sangue por várias partes de Jacarezinho.
Enquanto o governador Cláudio Castro (PSC) e a Polícia Civil consideraram a operação um “trabalho de inteligência” (mesmo sem conseguir chegar na maioria das 21 pessoas investigadas), a notícia do massacre correu o mundo e, mais uma vez, fez do Brasil um sinônimo de morte. A chacina se junta à trágica notícia dos milhares de mortos por Covid-19 enquanto governos, como os de Bolsonaro, tratam vidas com descaso.
“Eles combinaram de nos matar e nós combinamos de não morrer”
No ato na Baixada Santista, faixas, cartazes e discursos denunciavam o extermínio cotidiano da população pobre, negra e moradora das periferias em todo o País. Mortes que acontecem tanto pelos tiros e violência quanto pela falta de vacinas, empregos, de auxílio emergencial decente, entre outros ataques à dignidade humana. A manifestação também fez memória dos 15 anos dos crimes de maio, quando centenas de pessoas foram assassinadas por forças de segurança e grupos de extermínio, no Estado de São Paulo, em 10 dias de maio de 2006.
A frase da escritora negra Conceição Evaristo, “eles combinaram de nos matar e nós combinamos de não morrer” ecoou durante toda a manifestação em Santos como sinal de resistência e aviso de que o povo não irá se calar e seguirá em luta. Chega das políticas de extermínio e genocídio no Brasil!
Fonte: Comunicação Seeb Santos e Região