Especialista aponta medidas importantes para conter o avanço do coronavírus em agências e departamentos; Fenaban prometeu apresentar protocolo mínimo de segurança sanitária
Espaços fechados e sem ventilação são os principais aliados do novo coronavírus, causador da pandemia de Covid-19 que já matou mais de 350 mil pessoas no Brasil. E, como todo mundo sabe, este é o cenário na maioria das agências bancárias do país, o que coloca a categoria em uma situação extremamente vulnerável em relação ao vírus.
A médica Maria Maeno, pesquisadora em saúde do trabalho, explica que um trabalhador com 8 horas de expediente por dia inala, em média 4,4 mil litros de ar, e que o vírus presente no ar exalado de uma pessoa infectada pode durar horas em suspensão. Para que haja contaminação do ambiente, então, não é necessário que a pessoa infectada fale, tussa ou espirre, embora essas situações aumentem a possibilidade de transmissão.
“Também é importante ressaltar que a transmissão do vírus é facilitada em ambientes de baixa umidade do ar e em ambientes com baixa ventilação, com renovação de ar insuficiente. Isso faz com que a concentração de vírus no ar cresça, aumentando o risco de infecção e da sua gravidade”, explica a especialista.
Ventilação e participação
A médica explica que todos os locais de trabalho deveriam ter um protocolo, elaborado com a participação de trabalhadores, devendo ser revisto periodicamente por um comitê misto, de representantes da empresa e de trabalhadores, de acordo com as necessidades e o avanço de conhecimento sobre o vírus.
“A participação ativa dos trabalhadores, que conhecem a atividade real de trabalho nos seus detalhes, contribui significativamente para o sucesso de medidas preventivas”, afirma Maeno.
Para além do uso de máscara, do álcool em gel para higienização das mãos e manutenção de distanciamento físico, Maria Maeno diz que é fundamental que as agências e prédios dos bancos tenham a ventilação adequada.
O fluxo de ar externo para dentro de um edifício deve ser adequado para remover e diluir poluentes e agentes infecciosos presentes e para manter adequada a umidade do ar. A ventilação deve ser eficiente para não degradar a qualidade do ar interno ou o clima. Além disso, o uso de ventilação mecânica também pode ajudar.
“Também é importante que as informações sobre temperatura, umidade do ar e taxa de renovação do ar estejam disponíveis em monitores que possam ser visualizados em tempo real por todos os usuários do ambiente, clientes e funcionários”, diz a médica.
A instalação de acrílicos para isolamento físico nas áreas de atendimento, a sinalização para manter o distanciamento dos clientes e a reorganização das escalas de trabalho são importantes para garantir a redução do tempo de permanência dos funcionários em locais fechados e, assim, a circulação do vírus.
Monitoramento e máscaras
As máscaras, nossas companheiras desde o começo desta pandemia, são fundamentais, pois representam mais uma barreira contra o vírus. Maria Maeno diz que a melhor proteção que os bancos podem fornecer são kits de máscaras para os trabalhadores, do tipo PFF2 ou N95, em número suficiente para que possam ser usadas adequadamente. Especialistas dizem que em ambientes não hospitalares essas máscaras podem ser reaproveitadas, após serem deixadas sem uso em local ventilado por vários dias. Para quem atende o público diretamente, é indicado o uso de protetores faciais ou anteparos de acrílico, nos casos de postos fixos.
Os trabalhadores devem ser informados claramente sobre os sintomas da doença e, caso os apresentem, devem ser imediatamente isolados, avaliados e testados, assim como seus contatantes na empresa e em casa. Os trabalhadores assintomáticos devem ser monitorados com testagens de detecção do vírus semanalmente.
Sindicato luta pelos protocolos corretos
O Comando Nacional dos Bancários cobrou da Fenaban, semana passada (12), em mesa de negociação, que os bancos adotem medidas mais rigorosas de segurança para proteger a categoria. A Fenaban concordou em apresentar uma proposta de protocolo mínimo a ser adotada em todo o país.
“Estamos convivendo com essa pandemia há mais de um ano e estamos todos cansados, mas não podemos descuidar nem um minuto das medidas de segurança. Trabalhamos em locais fechados, com pouca ou nenhuma ventilação natural, temos que usar a melhor máscara e de forma correta, não podemos correr o risco de ficar sem máscara nos departamentos, em reuniões, antes da abrir ou após fechar a agência”, alerta a dirigente sindical Vera Marchioni, funcionária do banco Santander.
Santander
Em relação ao Santander, em março do ano passado o banco informou em mesa de negociação que as agências poderiam utilizar a verba destinada a pequenas despesas para comprar máscaras e álcool em gel.
“Com a piora da pandemia e a prevalência de variantes mais agressivas, queremos que o banco especifique no Manual Interno essa possibilidade de compra de máscaras, inclusive a PFF2 e N95 e álcool”, ressalta a dirigente.
Fonte: spbancarios
Escrito por: William De Lucca