Governo inicia pagamento de auxílio emergencial miserável sem informações e faz com que empregados da Caixa e pessoas sofram, ainda mais, em aglomerações e risco de morte com a transmissão do novo coronavírus
O calendário de pagamentos do auxílio emergencial segue até o dia 22 de agosto. Na terça-feira (13), o crédito da primeira parcela do benefício — entre R$ 150, R$ 250 e R$ 375 — foi para os nascidos em abril. Na quinta-feira (15), os valores serão pagos aos aniversariantes de maio e para as 236 mil pessoas que contestaram o auxílio negado e foram aprovadas. Saques em dinheiro só estarão disponíveis a partir de 4 de maio. De acordo com a direção da Caixa Econômica Federal, responsável pelos pagamentos, 95% das pessoas que têm comparecido às agências do banco tiveram o acesso ao aplicativo Caixa TEM bloqueado devido a trocas de linhas ou de aparelhos telefônicos.
Outra vez, o governo federal inicia os pagamentos sem uma campanha de informação à população, o que tem levado milhares de pessoas às unidades da Caixa em busca de esclarecimentos pela falta de organização do governo Bolsonaro, como em 2020. Os beneficiários e os funcionários convivem diariamente com aglomerações.
Com isso, quem busca o miserável auxílio para comer um pouco – proposto no valor de R$ 600,00 pelas centrais sindicais, deputados, governadores e prefeitos de oposição ao governo -, ainda tem que se arriscar a ser contaminado pela Covid-19, assim como os empregados do banco que trabalham incessantemente para pagar e esclarecer dúvidas.
Além de amplas e efetivas ações informativas à população, o movimento sindical e os representantes dos empregados defenderam que o pagamento do auxílio emergencial fosse descentralizado para outros bancos.
Governadores pedem descentralização
Entendimento semelhante têm os nove governadores que compõe o Consórcio do Nordeste. Na última semana, o governador do Piauí e presidente do colegiado, Wellington Dias, enviou ofícios aos ministérios da Fazenda e da Saúde para pedir mudanças na forma de concessão do auxílio. O pedido foi para que o governo federal descentralize o pagamento do benefício, incluindo mais bancos nesta operação, além da Caixa.
Déficit piora situação
“Precisamos de mais funcionários. Senão, vamos ver repetir todas as dificuldades da primeira leva [de pagamentos] do auxílio, que gerou filas desumanas, colocando clientes em esperas absurdas de horas no sol, no frio, com fome, com sede, com vontade de ir ao banheiro e sem condições de sair para não perder o lugar na fila”, desabafa um caixa do banco público que trabalha em uma agência de Brasília e prefere não se identificar. Outro bancário, gerente em uma grande agência de São Paulo e que também fala em anonimato, emenda: “O prazer que tempos de cumprir o nosso papel social é único. Mas, é triste saber que a direção da empresa prefere direcionar sua estrutura para vender seguro e ações, bater metas e até incentivar o próprio empregado a participar da privatização da nossa empresa”.
Com um déficit que se aproxima de 20 mil empregados, a Caixa chegou a ter 101,5 mil trabalhadores em 2014 e atualmente conta com 84,2 mil. Conforme pontua o presidente da Fenae, das 7.704 contratações informadas pela direção do banco com o argumento de “reforço do quadro” para o pagamento do auxílio emergencial este ano, menos da metade (2.766) corresponde a concursados aprovados em 2014 e que ainda nem tomaram posse do cargo. O restante das vagas anunciadas pelo banco inclui 1.162 estagiários, 2.320 vigilantes e 1.456 recepcionistas.
Informações sobre o auxílio podem ser obtidas pelo app Caixa TEM e, ainda, pelo telefone 111 e no site “auxilio.caixa.gov.br”. Por estes dois últimos canais, o banco informa que é possível consultar o andamento de novos pedidos ao benefício.
As mais de 200 mil pessoas que recentemente foram aprovadas para receber o auxílio emergencial terão o dinheiro creditado a partir desta quinta-feira (15). É o caso de trabalhadores que tinham carteira assinada em 2020, mas que perderam o emprego este ano. Já os beneficiários do Bolsa Família poderão consultar o valor do auxílio emergencial a que terão direito a partir hoje (14/4).
Fonte: reconta aí com edição da Comunicação do SEEB de Santos e Região