Até a segunda metade do século passado, isso seria quase improvável, mas nos primeiros anos deste século está se consolidando como uma realidade bem palpável: o trabalho das mulheres já se tornou a principal renda da família. Sinal de independência, de busca de identidade profissional, mas também de acúmulo de trabalho e do surgimento de sentimentos como tensão e culpa por não terem mais tempo para cuidar da família.
Estudo feito pela pesquisadora Rebecca Meisenbach, da Universidade de Missouri (Estados Unidos), revela que a crescente participação feminina como chefes de família demonstram, por um lado, uma mudança importante na estrutura familiar e no mercado de trabalho, onde as mulheres conquistam cada vez mais espaço. Mas, por outro, esta situação pode causar mais tensão nas mulheres do que nos homens – em parte porque elas ainda enfrentam a perspectiva cultural de cuidar da casa e dos filhos mesmo quando trabalham fora de casa.
No Brasil, a confirmação
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que, nos últimos 10 anos, a participação feminina no mercado de trabalho no País subiu de 42% para 47,2%. E, entre elas, o número de mulheres chefes de família saltou de 25,9% para 34,9%.
Mas isso não significa que elas tenham se livrado das tarefas domésticas. Entre as que têm emprego, 87,9% cuidam dos afazeres do lar. O número médio de horas semanais dedicado a essas tarefas pelas mulheres é de 20 horas, enquanto para os homens, apenas nove horas.
Para a pesquisadora norte-americana, país onde se constatou uma situação semelhante no que se refere à sobrecarga de trabalho das mulheres, é necessário que as empresas adotem políticas que reconheçam os funcionários de ambos os sexos como principais fontes de renda para suas respectivas famílias: “A chefe de família é um papel cada vez mais importante e comum na sociedade contemporânea e que causa impactos nas relações familiares, nas identidades individuais e nas políticas organizacionais”, avaliou em seu estudo.
Fonte: m