O Itaú ficou em segundo lugar, mas teve maior rentabilidade em relação ao patrimônio. E ainda reclamam do lucro e oferecem reajuste zero
No primeiro semestre de 2020, marcado pela pandemia, o Bradesco superou o Itaú Unibanco, seu maior rival, e ficou no topo da lista das companhias abertas com os maiores lucros na América Latina. Segundo um levantamento realizado pela Economática, uma empresa de dados financeiros e tecnologia, o Bradesco fechou o semestre com lucro líquido de US$ 1,257 bilhão (R$ 6,888 bilhões), enquanto o Itaú Unibanco, o segundo colocado, teve um ganho de US$ 1,246 bilhão (R$ 6,825 bilhões).
A pesquisa incluiu 582 empresas de diferentes ramos de atividade que divulgaram os balanços do segundo trimestre, para compor o resultado semestral, até o dia 21. O levantamento levou em conta o lucro contábil atribuído aos acionistas, usado como base para a distribuição de dividendos, e deixou de fora a parcela do resultado que vai só para os minoritários das subsidiárias.
O lucro contábil é o que consta nas demonstrações financeiras encaminhadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o “xerife” do mercado de capitais do País, e difere do chamado lucro recorrente, preferido por muitos analistas e empresas por expurgar fatores ocasionais que influenciam os resultados.
De acordo com André Cano, vice-presidente do Bradesco, em entrevista ao terra.com.br, apesar de reclamar que o lucro foi menor que o ano anterior, disse: “o lucro absoluto do setor financeiro é maior que o de outros setores. A operação bancária é muito intensiva em capital, para fazer frente às operações que você realiza”.
No Itaú: “A nossa capitalização ainda é supertranquila. Estamos mais de quatro pontos acima do mínimo regulatório”
Embora tenha perdido a liderança no ranking de lucro líquido, o Itaú Unibanco teve uma lucratividade maior que a do Bradesco. Segundo a pesquisa da Economática, o lucro do Itaú representou 5,4% do patrimônio líquido ante 5,1% do Bradesco. Isso foi possível, mesmo com um lucro líquido menor, porque o patrimônio do Itaú tem sido inferior ao do concorrente desde o primeiro trimestre de 2019.
Neste quesito, porém, a BB Seguridade, a seguradora do Banco do Brasil, foi quem teve o melhor desempenho entre as 20 empresas latino-americanas com os maiores lucros, com uma rentabilidade de 34,4%. Entre os bancos, o mais rentável no período foi o Santander Brasil, com lucratividade de 7,79% em relação ao patrimônio.
De acordo com Renato Lulia, responsável pelas áreas de relações com investidores e inteligência de mercado do Itaú Unibanco, um fator eventual levou à redução do lucro líquido do banco: o lançamento de quase 100% da doação de R$ 1 bilhão feita para o programa Todos pela Saúde no balanço do segundo trimestre. “O que os investidores olham é o resultado recorrente, que tem alguns ajustes em relação ao resultado contábil”, afirma. “No resultado recorrente, nós tivemos um desempenho superior ao lucro contábil, que foi o maior resultado dos bancos no Brasil no trimestre.”
Lulia diz que o fato de o Itaú ter um patrimônio líquido menor do que o do Bradesco se deve a uma decisão gerencial tomada já há algum tempo, de procurar “fazer mais com menos” e direcionar uma parte maior do capital excedente para distribuição de dividendos aos acionistas, em vez de usá-la para reforçar o patrimônio, sem comprometer os índices de capitalização exigidos dos bancos no País e no exterior.
“A nossa capitalização ainda é supertranquila. Estamos mais de quatro pontos acima do mínimo regulatório”, afirma. “O que aconteceu foi fruto de uma decisão estratégica do banco de devolver ao acionista o capital excedente e de não carregar mais capital do que a gente precisa.”
Fonte: Terra.com.br