No dia do Bancário, a história mostra que é indiscutível a importância da greve como arma e para a organização da luta da categoria!
“Nossa categoria é a única do país com uma Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) nacional. Os 450 mil bancários brasileiros, de bancos públicos e privados, têm hoje o mesmo salário e os mesmos direitos em todo o território nacional, assegurados pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, que acaba de completar 28 anos.
Para nós, bancários, a Convenção Coletiva é uma das principais conquistas da nossa categoria em um século de lutas. É resultado da busca incessante da unidade nacional, construída por muitas e muitas gerações de trabalhadores das instituições financeiras – desde antes do golpe civil- militar de 1964. Nossas negociações são realizadas em mesa única, com bancos públicos e privados”, afirma Ricardo Saraiva Big, presidente em exercício do Sindicato dos Bancários de Santos e Região e secretário de Relações Internacionais da Intersindical Central da Classe Trabalhadora.
Todos os direitos da CCT estão em jogo e você pode perdê-los por conta do fim da ultratividade, pela reforma trabalhista aprovada no governo de Michel Temer e, agora, com o veto de Jair Bolsonaro na Medida Provisória (MP) 936, depois do esforço das centrais sindicais, em maio deste ano, em incluí-la.
Pressão dos bancários e do movimento sindical
A Fenaban iniciou as negociações – da Campanha Salarial 2020 – tentando retirar a 13ª Cesta, rebaixar a PLR, retirar direitos de quem contraiu doenças e oferecendo reajuste zero impondo uma diminuição no salário de 2,65%, sem falar nos tíquetes. Tudo rechaçado pelo Comando Nacional dos Bancários na mesa. Chegou a hora da mobilização e unidade!
Somente na 12ª negociação, depois da pressão dos bancários nas mídias sociais, os bancos recuaram em mexer na regra da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e ficou mantida a parcela adicional que é de 2,2% do lucro líquido sem alterar a regra. Porém, insistiram no reajuste zero para 2020, só com abono. Propuseram um abono de R$ 1.656,22 para este ano. Para o ano que vem, a proposta apresentada foi de repor 70% da inflação pelo índice do INPC a partir de 1º de setembro e os outros 30% depois de seis meses.
Na 13ª rodada, realizada ontem, dia 27/8, a Fenaban continuou insistindo em reajuste zero em 2020. Hoje, o Comando Nacional dos Bancários exige a reposição da inflação e as negociações continuam.
A importância da ultratividade na Campanha Salarial
A proibição da ultratividade é muito prejudicial aos trabalhadores. Isso porque, por causa da complexidade na negociação coletiva, muitas vezes a renovação da CCT ou dos Acordos Coletivos de Trabalho (acordos específicos de bancos) não ocorrem dentro do período de vigência do instrumento em vigor. Com isso, não há garantia de recebimento dos direitos/benefícios previstos nos documentos depois da data-base 1º de setembro.
Por esta razão, uma das prioridades da Campanha Nacional dos Bancários 2020 será garantir a ultratividade da CCT e dos ACTs. Esta é apenas uma das razões para que a categoria bancária se mantenha mobilizada e conectada na Campanha Nacional dos Bancários 2020, que está sendo realizada mesmo em meio à pandemia do coronavírus.
Importância das mídias sociais na mobilização
“É importante o engajamento dos bancários e bancárias por meio virtual, nestes tempos de pandemia. As redes sociais são um instrumento de luta para a categoria bancária. A categoria precisa entender a importância da sua contribuição na luta e que as mídias sociais são as novas formas de organização, já que não podemos nos aglomerar.
É fundamental os trabalhadores seguirem seus sindicatos para curtir e compartilhar todo o material produzido em defesa de nossos direitos e reivindicações”, explica Big.
Temos história, nada cai do céu!
No dia 28 de agosto de 1951, os bancários decidiram cruzar os braços para reivindicar um reajuste salarial de 40%. Os bancos queriam dar apenas 20%.
Os índices oficiais do governo na época apontavam um aumento de 15,4% no custo de vida. Os bancários refizeram os cálculos e o próprio governo teve que rever seus índices, que saltou para impressionantes 30,7%. Depois de 69 dias de paralisação, os bancários conquistaram 31% de reajuste. Foi a maior greve da história da categoria. O dia 28 de agosto passou a ser considerado como o Dia do Bancário.
Festa do Chope adiada
Por questões sanitárias, de preservação da vida e por questões humanitárias e legais a tradicional Festa do Chope (em sua 23ª edição) não será realizada, neste ano de 2020, em comemoração ao Dia do Bancário (28 de Agosto). Infelizmente a pandemia mundial do novo coronavírus obriga a todos se resguardarem.
Fonte: Comunicação do SEEB de Santos e Região
Escrito por: Gustavo Mesquita